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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Qualidade dos cursos e-Learning

 

1. Sumário Executivo

O objetivo desta pesquisa foi identificar as principais exigências das organizações com relação à qualidade dos cursos desenvolvidos por fornecedores nacionais de conteúdo e-Learning. Foi realizado um levantamento quantitativo no mês de setembro de 2011 através do portal Learning & Performance Brasil.

Na fase inicial, a pesquisa buscou saber qual a opinião dos profissionais com relação à qualidade dos cursos desenvolvidos no formato e-Learning por empresas nacionais especialistas no assunto e o que poderia ser melhorado.

O resultado mostra que 57% dos participantes acham boa a qualidade dos cursos no formato e-Learning, enquanto 22% consideram regular e 16% consideram ótima. Quando questionados sobre o que poderia ser melhorado, 52% dos pesquisados indicaram os aspectos didáticos (recursos motivacionais, carga informacional, etc.). A opção "Maior utilização de recursos multimídia foi apontada por 20%, enquanto as características da interface (meios disponíveis para conduzir o usuário, conservação da interface em diferentes contextos, help online, etc.) foram apontadas por 18% dos profissionais.

As organizações foram questionadas sobre qual seria o comportamento delas caso um fornecedor de e-Learning falasse que a utilização de recursos de multimídia é dispensável e opcional.

A maioria dos profissionais, 87%, não concordaria. Acreditam que, apesar de o investimento ser maior, os melhores cursos de e-Learning empregam uma variedade de recursos de multimídia, exercícios e simulações interativas. Dentre os que concordariam com a afirmação, 8% alegam que é possível ter ótimos cursos mesmo utilizando pouquíssimos recursos multimídia. Outros 5% acreditam que, além do alto investimento, esses cursos demandam um tempo muito maior para produção.

A pesquisa revelou que 59% das organizações dão muita importância ao trabalho do endomarketing e acompanhamento à implantação do treinamento via e-Learning, enquanto 33% consideram de média importância e apenas 8% opinaram ser de pouca importância.

Nesta fase, o objetivo foi identificar qual o maior inibidor para a transformação de um curso presencial em e-Learning.

A pesquisa mostrou que o orçamento é o maior inibidor na hora da contratação do recurso (56%). Atualmente, o segundo maior inibidor é o planejamento instrucional com o cliente, com 29%. O tempo de implementação vem em seguida, com 15%.

79% consideram necessário contratar uma empresa especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de sua autoria. Apenas 21% acham desnecessário.

Foi constatado que a preocupação das organizações está mais concentrada na qualidade do conteúdo, já que 72% preferem investir no desenvolvimento de conteúdo, enquanto 28% preferem um LMS de ótima qualidade.

2. Resultados

2.1 Qualidade dos cursos no formato e-Learning

- 57% dos participantes acham boa a qualidade dos cursos no formato e-Learning
- 22% consideram regular;
- 16% consideram ótima.

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2.2 Melhorias nos cursos e-Learning

- 52% dos pesquisados indicaram os aspectos didáticos (recursos motivacionais, carga informacional, etc.);
- A opção "Maior utilização de recursos multimídia" recebeu 20%;
- As características da interface (meios disponíveis para conduzir o usuário, conservação da interface em diferentes contextos, help on-line, etc.) foram apontadas por 18% dos profissionais.

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2.3 Os recursos de multimídia são dispensáveis e opcionais?

- Para 87% os recursos multimídia são indispensáveis;
- 8% acreditam na possibilidade de conseguirem bons cursos com poucos recursos multimídia. Confira o gráfico detalhado:

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2.4 A importância do endomarketing e acompanhamento à implantação do treinamento via e-Learning

- 59% das organizações dão muita importância ao trabalho do endomarketing;
- 33% consideram de média importância;
- Apenas 8% opinaram ser de pouca importância.

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2.5 Maior inibidor para transformar um curso presencial em e-Learning

- O orçamento vem em seguida, com 56%;
- O maior inibidor é o planejamento instrucional com o cliente, com 29%;
- O tempo de implantação foi apontado por 15%.

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2.6 Equipe especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de autoria

- 79% consideram necessário contratar uma empresa especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de sua autoria;
- Apenas 21% acham desnecessário.

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2.7 Maior investimento em LMS ou em desenvolvimento de conteúdo?

- 72% preferem investir em desenvolvimento de conteúdo;
- 28% preferem um LMS de ótima qualidade.

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selo

 

 



Divulgado em 06-10-2011

A nova era da comunicação unificada – Telepresença

 

Conhecendo a Telepresença

O termo refere-se a uma solução de comunicação de vídeo em alta definição, onde os elementos sonoros, visuais e físicos de um ambiente de reunião são projetados para criar uma experiência Imersiva. A sensação efetiva da Telepresença Imersiva ocorre quando as salas conectadas são idênticas ou quase idênticas em móveis, decoração e equipamentos eletrônicos para garantir a percepção real aos participantes da conexão.

O objetivo da Telepresença é permitir que as pessoas em diferentes locais se comuniquem frente a frente como se estivessem no mesmo ambiente. Trata-se de uma experiência ímpar, com qualidade de comunicação impressionante até mesmo para as pessoas que já estão familiarizadas com a tradicional videoconferência.

 

A nova era da videoconferência: Telepresença

A Telepresença é uma forma de videoconferência, que abrange diversos cuidados como, iluminação, áudio, posicionamento da câmera até a disposição de participantes no ambiente. Esta nova forma veio para eliminar os problemas
existentes com a tradicional videoconferência, frequentemente usuários queixavam-se de não conseguir ouvir bem as pessoas ou vê-las. Porém essas dificuldades muitas vezes eram geradas não pelo equipamento de videoconferência ou rede, mas devido a má iluminação do ambiente, layout da sala e detalhes que repercutem diretamente na qualidade da comunicação de vídeo.

Comparativamente a Telepresença oferece mais qualidade por se tratar de uma solução completa, e é muito recomendada para empresas onde a videoconferência tornou-se uma ferramenta competitiva para execução dos negócios.

 

Como viabilizar um projeto de Telepresença

O investimento para adquirir as soluções de Telepresença é superior a videoconferência e as empresas encontram dificuldades para aprovar o valor total do projeto. Uma alternativa que viabiliza a utilização desta tecnologia é adquirir a solução através do modelo outsourcing, que possibilita a empresa diluir o custo da ferramenta em pagamentos mensais, facilitando a inclusão no budget.

Além do benefício sobre o custo, ao optar pelo modelo de serviço a empresa terá a vantagem contar com equipamentos de alta tecnologia, sem se preocupar com a defasagem tecnológica, já que os mesmos podem ser trocados na renovação do contrato, e toda manutenção é realizada pelo
fornecedor, eliminando assim, o acúmulo de tarefas para equipe de TI.

Outro fator decisivo no processo de aprovação, é o impacto imediato na redução de custos operacionais (principalmente viagens). Dependendo do caso essa redução pode ser tão significativa que pode pagar as parcelas mensais do
serviço.

 

Telepresença oferece excelente qualidade em uma fantástica experiência, impressionando os usuários... Mas?

O nível de qualidade atingido pela Telepresença exige alguns fatores para ser implementado assim como qualquer outra nova geração de tecnologia. Os obstáculos que algumas organizações podem enfrentar são:

  1. Interoperabilidade: muitas empresas já têm feito investimentos significativos em equipamentos de “videoconferência tradicional” e alguns produtores das soluções não oferecem interoperabilidade nos equipamentos, implicando em falta de zcomunicação entre a nova solução de Telepresença com os equipamentos antigos.
  2. Tamanho da Banda: para se realizar uma conexão com qualidade HD é necessária que a empresa disponibilize link full de no mínimo 512 kbps em cada localidade participante da conferência.
  3. Investimento: as salas de Telepresença são concebidas e integradas de forma a proporcionar uma experiência de alta qualidade. Toda esta infraestrutura implica em investimentos maiores das empresas que aderem a nova tecnologia.
  4. Recursos: para gerenciar a solução de Telepresença é
    necessária uma qualificação técnica superior, que a maioria das organizações não possui ou não estão dispostas a dedicar esforço.
    Para atender a demanda se recursos desta nova solução tecnológica é oferecido o serviço de suporte denominado VNOC.

Os quatro fatores para avaliar corretamente os prestadores de servicos VNOC

O VNOC ¡§Video Network Operating Center¡¨ e um conjunto de servicos personalizados especificamente para atender as necessidades unicas das salas de Telepresenca. Esses servicos VNOC sao criticos para a experiencia de Telepresenca por que:

  • A experiencia completa de Telepresenca deve sempre satisfazer os usuarios finais sob as mais exigentes condicoes.
  • A aprovacao do investimento e sua produtividade estao diretamente relacionados a experiencia diaria da solucao.
  • Os beneficios das solucoes de Telepresenca somente podem ser realizados plenamente se contarem com o expertise do Telepresence VNOC Service Provider.
  • O servico e apoio correto podem fazer o link entre a Telepresenca e videoconferencia sem dificuldades.

O prestador do servico VNOC nao ira apenas instalar a sala e
equipamentos. Ele tera de preencher os requisitos abaixo para estar capacitado a oferecer este tipo de servico especializado.

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O que esperar dos prestadores de serviço VNOC

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Monitoramento Pró-Ativo: O monitoramento 24/365 pró-ativo do equipamento de videoconferência e conexões deve ocorrer para garantir o equipamento funcional minuto a minuto. A combinação avançada da tecnologia de infraestrutura deve estar em todos os momentos e procedimentos em vigor.

Programação & Gestão: Um número totalmente livre, serviço convergente e uma ferramenta web de programação do portal para a comunidade de usuários que deve ser inclusa.

Lançar & Acompanhar: Pode ser manuseado por quem gerencia as chamadas e faz as conexões entre todas as salas de Telepresença em reuniões, tanto ponto a ponto quanto multiponto. O VNOC deve ser capaz de monitorar os
níveis de conectividade digital durante as sessões e assegurar a experiência de alta qualidade para cada uma das salas participantes.

Suporte Help Desk: Os usuários devem ter um único ponto técnico para as soluções de Telepresença que garanta a alta qualidade durante a experiência, sem interrupções nas chamadas. Seu fornecedor deve ser capaz de interagir e
coordenar com fornecedores de hardware, redes e integradores para reparar ou substituir quaisquer peças, danos na rede, ou resolver problemas de integração entre salas.

Relatório de Desempenho: Fornecer métricas-chaves em uma base mensal para identificar as áreas de sucesso, bem como áreas que necessitam de melhoria. O relatório deverá incluir a sala de Telepresença, a rede e os níveis de serviço de apoio e ser detalhado nos níveis de serviço da sala, disponibilidade, número de conferências realizadas, total de horas utilizadas, a média de tempo para responder e corrigir quaisquer problemas técnicos, juntamente com a causa raiz da analise e plano de ação corretivo, quando aplicável.

Treinamento: Necessário para garantir a correta utilização e adoção do sistema de Telepresença. Esse treinamento não é só importante para que os usuários se sintam confortáveis usando a tecnologia, mas também para entender o valor que a tecnologia traz as atividades comerciais do dia-a-dia. Usando o sistema de Telepresença para ajudar na melhoria da comunicação, produtividade e ter acesso aos especialistas no assunto, quando estes forem necessários.

Interoperabilidade: Para garantir que os sistemas de Telepresença podem se conectar com outras salas e empresas fora da rede privada. Certifique-se que o prestador de serviço VNOC tem experiência em avaliação, testes de comunicação com equipamentos de vídeo, confiabilidade, interoperabilidade entre fabricantes e acesso ao intercâmbio de serviços de comunicação com os ambientes públicos e privados de forma segura.

 

Considerações Finais

O futuro da Telepresença parece promissor, principalmente quanto se olha para questões ambientais (redução de emissões de CO₂) e econômicas (a tecnologia como serviço mensal) que exigem a busca por formas mais eficazes de comunicação, de como ser mais criativo e produtivo. A Telepresença está se aproximando deste perfil na aplicação do mix de comunicação.

Como acontece com qualquer ferramenta de comunicação a Telepresença é melhor suportada quando há um experiente prestador de serviços gerenciando toda a complexidade da solução e disponibilizando a utilização simples aos usuários no dia-a-dia.

Estamos indo em direção a uma sociedade visual que é infinita. Seja através da comunicação entre os executivos de negócios do outro lado do mundo em tarefas importantes, como dos cirurgiões fornecendo orientação para uma sala de cirurgia em outro país, ou aumentando recursos mais talentosos e especializados nas fronteiras para interagir com seus mais valiosos clientes, a nova era das comunicações está aqui e já não é apenas “agradável para ter”. A decisão final e mais importante é escolher a solução certa para suas necessidades globais e o parceiro de serviço preparado que
garanta o funcionamento adequado desta ferramenta.

 

Fonte: White Paper – NETGLOBE, em NBusiness/NowDigital
Divulgado em 06-10-2011

Novas construções

 

A democratização do acesso às tecnologias estimula o debate sobre o letramento digital e obriga escola e professor a repensarem seus papéis.
capa-abre-web1A professora entra na sala de aula com o objetivo de trabalhar uma proposta de letramento a partir do uso de tecnologia com seus alunos, todos na faixa dos seis anos. A reação de um deles é imediata: “já sei o alfabeto! É asdfghjkl…”. A resposta descreve a sequência de letras do teclado – e não a conhecida sequência alfabética ensinada nas escolas. A cena, que aconteceu em uma escola de periferia de Piracicaba, no interior de São Paulo, será descrita com mais detalhes em livro a ser lançado pela linguista Roxane Rojo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda neste ano.

Ao evidenciar uma mudança no desenho da sequência alfabética, a história traz à tona um debate recente: a influência da tecnologia nos chamados processos de letramento. Com a democratização do acesso às denominadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a apropriação da linguagem digital provoca situações inusitadas e fenômenos que têm despertado o interesse de inúmeros pesquisadores e profissionais da educação. Tablets, web 2.0, redes sociais, blogs, Wikipédia e Google são apenas alguns exemplos dos recursos que prometem mudar as configurações atuais do meio educacional. Mas, para além das promessas, é preciso entender as mudanças causadas pela tecnologia em sala de aula – principalmente no que diz respeito ao processo de apropriação das práticas de leitura e de escrita.

É preciso, antes de entrar na discussão do letramento digital, retomar o próprio conceito de letramento. A expressão é nova e deriva de outro neologismo, que começou a surgir ainda nos anos 80 para designar práticas mais avançadas que a codificação e a decodificação do código escrito. Como explica a linguista Magda Becker Soares, do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), letrar é mais que alfabetizar. “É ensinar a ler e escrever dentro de um contexto no qual a leitura e a escrita tenham sentido social e façam parte da vida das pessoas”, diz.  O termo “letramento” apareceu pela primeira vez na língua inglesa no final do século 19 (“literacy”). Em meados dos anos 80, ao mesmo tempo, os franceses cunhavam o “illetrisme”, Portugal, a “literacia”, enquanto o Brasil “inventava” o letramento.

Brian Street, professor no King`s College da Universidade de Londres, defende que não há um único letramento, formal e acadêmico, mas uma experimentação que é tão distinta quanto as cores do tecido social. São letramentos múltiplos, híbridos de letramentos locais e globais. Escolares ou não, são práticas inscritas em certos modos de vida, culturas, valores e ideologias – e é exatamente desse repertório que a escola é convidada a participar. Nesse sentido, Roxane Rojo afirma que letramentos, no plural, seria um termo adequado para designar um conjunto diversificado de práticas sociais situadas que envolvem a escrita e outras modalidades de linguagem. Dentre os diversos tipos de letramento teríamos, então, o que diversos autores passaram a denominar de letramento digital.

Implicações
O letramento digital é um pedaço do letramento. Não se pode conceber um sem o outro”, lembra Carla Coscarelli, também do Ceale. Em outras palavras: se o aluno deve ser capaz de usar a língua escrita na vida em sociedade, a tecnologia entra como um dos aspectos a serem ensinados e

contextualizados na escola. Para Débora Duran, pesquisadora do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Ciar) e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), letramento digital é o “processo de configuração de indivíduos ou grupos que se apropriam da linguagem digital nas práticas sociais relacionadas direta ou indiretamente à leitura e à escrita mediadas pelas TICs”.

Em seu livro Letramento digital e desenvolvimento: das afirmações às interrogações, a autora explica que o processo de apropriação das TICs pode ser entendido como uma estrutura complexa que envolve os recursos tecnológicos, a subjetividade e as características dos contextos nos quais se dão as inúmeras práticas sociais de utilização das ferramentas. Com base nos estudos dos psicólogos Lev Vigotski e Alexei Leontiev, ela defende que é necessário deixar de lado a postura determinista diante dos supostos “impactos digitais”. “Isso porque os processos de transformação e desenvolvimento decorrentes da mediatização tecnológica dependem, necessariamente, das mediações humanas. O que mais importa não é o que as tecnologias fazem conosco, mas o que podemos fazer (ou não) com elas”, explica.

a0851_webAluno escreve em lousa digital: abandono da letra cursiva não é consenso entre especialistas

Papeis repensados
Se, por um lado, há escolas que, cada vez mais, recebem alunos que conhecem a língua escrita através do contato com o meio tecnológico, ainda há um contingente significativo de estudantes com acesso limitado a computador e internet. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil com 500 escolas públicas de todas as regiões do país apontou que há 23 computadores instalados em cada uma delas para um universo médio de 800 alunos. O panorama brasileiro faz com que o letramento digital aconteça em dois âmbitos. Primeiramente, é preciso ensinar as crianças a trabalhar com as especificidades do mundo digital. Exemplos: usar mecanismos de busca, formatar um texto, redigir um e-mail. “Não é só ter aula de computação, mas promover o trânsito na web de modo crítico, fazendo o sujeito perceber em que pode ou não confiar”, alerta Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP (Feusp).

O mundo digital também pode aproximar a escola de tipos de linguagens diferentes, que permitem que o aluno assuma certa responsabilidade em seu processo de aprendizagem. A produção de vídeos e áudios, por exemplo, coloca o estudante como produtor de conteúdo, e não só como receptor. “A tecnologia é hipermídia e multimídia. Ao mesmo tempo que tenho escrita, a imagem está presente, tenho vídeo, áudio e tudo isso é próximo da criança, que já vem habituada pela televisão. É uma aproximação mais natural e multimodal”, diz Roxane Rojo, uma das grandes entusiastas do letramento digital.

Da mesma maneira, as interações por meio de redes sociais mostram que os atuais suportes tecnológicos são centrados na escrita e favorecem a imersão na prática letrada. “Querem desmerecer o Orkut com erro ortográfico, mas as pessoas estão escrevendo e antes não escreviam. Essa intensificação de acesso à escrita, essa democratização foi muito grande”, sublinha Roxane. Se a escrita no universo do livro enfrenta limitações, de certa maneira, democratiza-se em ambiente digital.

Processos cognitivos
As novas tecnologias acabam dando novos moldes aos próprios processos de alfabetização e letramento. A começar pela história descrita no início desta repo
rtagem – a incorporação da sequência alfabética do teclado. “O abandono da sequência alfabética não seria um exemplo forte sobre as mudanças cognitivas. Não se trata de uma transformação no funcionamento psicológico, mas de uma alteração em uma  convenção”, opina Débora. Para a pesquisadora, o relato se configura como indicativo “da ponta de um iceberg”.

O caso mais recente de impacto efetivo da tecnologia nos processos de letramento aconteceu nos EUA, onde 46 estados recomendaram que suas escolas abandonassem o ensino da letra cursiva. A ideia é alfabetizar as crianças com o teclado do computador. A importância da letra cursiva, fortemente associada à cultura manuscrita, começa, então, a ser questionada. Em reportagem publicada na edição 173 de Educação, Elvira de Souza Lima lembra que o abandono da cursiva pode ter impactos no desenvolvimento da criança.

No teclado, a letra já está dada, o que dificulta a formação de memória. Além disso, escrever à mão envolve movimento, requer maior atenção e guarda relação com a questão da identidade e da autoria. “Quando está aprendendo a escrever, a criança entende que está desenhando. A função simbólica desenvolvida pela escrita é decorrente de um processo de desenvolvimento do movimento que terá implicações inclusive em outros aspectos”, explica. Para Débora Duran, há outro problema: as convenções sociais ainda não permitem o abandono da cursiva sem prejuízo. “Um exemplo: escrever uma redação num vestibular ou num concurso público. Não sei se o teclado precisa, necessariamente, substituir a cursiva”, diz. Carla Coscarelli, do Ceale, concorda: “não vejo por que o aluno não pode aprender com o teclado, mas o interessante é que ele tenha acesso às duas coisas”.

Protagonismo
Uma pesquisa realizada em 2010 na Grã-Bretanha levanta uma questão importante sobre a democratização do acesso às TICs nas escolas: a possibilidade de perda das habilidades de leitura na era pós-tecnologia.  Entre as edições de 2006 e 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o país caiu oito posições no ranking de leitura, saindo do 17º para o 25º lugar. A partir do resultado, a National Literacy Trust resolveu investigar o que motivou a queda no desempenho. A pesquisa, que ouviu 18 mil crianças e jovens entre 8 e 17 anos, descobriu que entre os adolescentes de 14 e 16 anos, as chances de que se leia um livro em detrimento do uso do computador é 10 vezes menor do que entre os mais novos.

Entre os materiais lidos fora da sala de aula, os mais mencionados pelos participantes foram: mensagens de textos (60%), revistas (58%), e-mails (50%) e websites (49%).  Livros de ficção foram citados por 45,6% deles, enquanto a porcentagem para aqueles que leem não ficção foi de 35,2%. Em entrevista à imprensa após o lançamento da pesquisa, Jonathan Douglas, diretor da entidade, afirmou que o estudo toca em possíveis problemas de letramento. “A nossa preocupação é que essas crianças podem se tornar adultos que tenham a habilidade de leitura de uma criança de 11 anos”, disse. Nesse sentido, a análise do autor norte-americano Nicholas Carr sobre os efeitos da internet no cérebro se torna significativa. Segundo Carr, a web pode estar provocando alterações em partes do cérebro relacionadas com a inteligência, o que provocaria a perda da capacidade de estabelecer raciocínios mais elaborados e de fazer leituras que demandam mais tempo.

Muitos afirmam que as pessoas estão lendo e escrevendo mais em função do acesso à tecnologia. No entanto, mais é sinônimo de melhor? Quais são as práticas de leitura que garantem a formação de um leitor crítico e reflexivo?”, questiona Débora. Nesse sentido, ela insiste que o papel da escola deve ir além da perspectiva da instrumentalização. “Ela pode ser um espaço privilegiado para as práticas de letramento digital. Isso não significa somente utilizar os computadores nos laboratórios de informática ou nas salas de aula para fins pedagógicos”, explica. A questão do letramento digital se coloca de maneira mais complexa, já que as práticas sociais de uso de computadores não se limitam à sala de aula. O desafio da escola, para a educadora, não é ensinar apenas o know-how (saber como) mas também o know why (saber por quê). “A inclusão digital está atrelada à formação de sujeitos críticos que sejam capazes de compreender as implicações sociais, éticas, econômicas e políticas do avanço tecnológico”. Por essa razão, ela acredita que o letramento digital se configura como um desafio interdisciplinar.

MOR1390_webEscola deve atuar para além da perspectiva da instrumentalização das novas tecnologias

Velhos gargalos
Para que o sistema educativo propicie tais encaminhamentos, a escola precisa repensar sua própria capacidade (e, em alguns casos, disposição) de se adequar ao novo cenário. A pressão para que os docentes obrigatoriamente ensinem as disciplinas e seus conteúdos programados, associada à pouca flexibilidade de horários, pode impedir a abertura nesse sentido. “O tempo deve ser repensado. Assim, seria possível trabalhar, por exemplo, com projetos de busca de informações, de construção de sites, que extrapolem as disciplinas propriamente ditas”, explica Carla Coscarelli.

Diferentes especialistas também argumentam em defesa de sistemas mistos e integrados, que podem oferecer ao aluno atividades presenciais e a distância, tanto no ensino fundamental como no médio. Assim, a tradicional aula expositiva, antes centrada na repetição de conteúdos de forma linear, pode abrir espaço para modelos mais colaborativos e fragmentados. A reboque dessa nova lógica, o mundo da educação começa a se confrontar senão com uma nova hierarquia, certamente com um redesenho das relações dentro e fora da sala de aula. A questão traz muitos nós. Um deles remete a um velho problema educacional: a necessidade de repensar os cursos de formação de professores – seja para responder à avalanche de novos processos tecnológicos, seja para dar respostas à própria mudança na relação professor-aluno.

Com a perda do monopólio na transmissão do conhecimento, a escola divide responsabilidades com toda uma comunidade de aprendizagem – estudantes, professores e pais. E ao lado dessa nova hierarquia, a instituição se confronta com a redefinição da didática, agora diante de diversos meios para a construção do saber e da crescente importância conquistada pela transdisciplinaridade. Como preparar o professor para trabalhar no ambiente multimídia? E os projetos pedagógicos apoiados na metodologia expositiva, que mudanças terão de incorporar para encontrar sentido no mundo de bits e bytes?

Assim como o professor se vê diante de um novo fazer pedagógico, o papel do estudante também muda. No modelo contemporâneo, autonomia é palavra-chave e tem papel central na proposta pedagógica. Na intenção de conceituar e entender o conjunto de transformações de fôlego que batem à porta da instituição escola, alguns autores, como Howard Gardner, começam a se valer da expressão Ecologia da Aprendizagem.  Ainda que o conceito esteja em construção, a ideia é que o amplo acesso a conhecimentos e informações, aliado ao ritmo acelerado das comunicações digitais, pode criar novas potencialidades individuais e coletivas para a construção do conhecimento.

Tecnologia e caráter
Em meio a tantas mudanças trazidas pelo repertório digital, uma começa a chamar a atenção: a ideia de que a tecnologia pode ajudar a moldar o caráter dos jovens. A novidade vem de Howard Gardner, psicólogo cognitivo, e de sua mais recente pesquisa, o GoodPlay Project, que ele conduz ao lado dos pesquisadores de Harvard. O projeto quer investigar o comportamento ético de jovens e adolescentes em ambiente digital, incluindo redes sociais, blogs, jogos on-line e até o uso de ferramentas como a Wikipédia. A proposta é entender como os jovens conceituam sua participação no universo virtual e as considerações éticas que orientam sua conduta.A pesquisa tem caráter essencialmente qualitativo e adota como metodologia entrevistas em profundidade. Alguns temas ganham relevo na investigação, seja por sua importância na era digital, seja por sua evidente implicação ética. São questões como identidade, propriedade, privacidade, autoria e credibilidade.Na etapa atual, que compreende a faixa de 10 a 14 anos, o estudo também se debruça sobre a influência do adulto na vida dos jovens e busca um olhar especial para o uso politicamente correto da tecnologia. Aqui, a regra é concentrar o foco nos que associam letramento digital e cidadania, fazendo do universo multimídia um terreno de boas práticas. Na primeira fase, o projeto trabalhou com um corte de 15 a 25 anos, usuários de jogos on-line, páginas de redes sociais e outras comunidades digitais.

O que diz o “internetês”
Em e-mails, nas páginas do Facebook e em outras tantas redes sociais o “internetês” é empregado como marca que territorializa, definindo os contornos da linguagem ressignificada em versão digital. As regras buscam a agilidade tão própria dos ambientes e da linguagem digital. Envolvem, por exemplo, a pontuação minimalista e um variado repertório de siglas e abreviaturas.O emprego do K economiza o traçado, preserva o fonema e assegura a compreensão do interlocutor. Aqui é aki e aquilo, na mesma regra, vira akilo, assim como quem é simplesmente kem. A síntese é sempre presente, pela própria agilidade que é marca registrada das tecnologias – você vira vc, não acaba em naum e também vira tb, apenas para ilustrar com os exemplos mais corriqueiros. E por falar em síntese, mensagens de e-­mails e de celular usam e abusam de saudações, que não são mais beijos ou abraços, mas bjs e abçs. O simples ato de agradecer também pode ser expresso em três letras – bgd – muito mais prático e funcional que o convencional obrigado. E se o letramento se reconfigura em ambiente digital, vem agora acompanhado de desenhos simbólicos (emoticons), estruturas frasais pouco convencionais e de uma escrita que muitos julgam semialfabética.É simplificação e empobrecimento da língua? Como, afinal, compreender esse fenômeno? “Não é língua, nem linguagem. É como uma ‘reforma ortográfica’ para um uso específico. E vem essencialmente com três funções: agilizar a digitação, se livrar da acentuação – simplificando a parte motora da escrita atual – e, finalmente, definir círculos sociais ou comunidades dentro da rede”, explica Roxane Rojo, da Unicamp.Mas é inegável que muitos professores reagem e ficam incomodados diante dessa mudança nas formas de escrita. Há educadores que transitam com desenvoltura e são grandes entusiastas do repertório digital, enquanto outros tantos temem o fim do livro e difundem os perigos da tecnologia.O debate remete aos conceitos de “apocalíptico” e “integrados”, instituídos pelo linguista italiano Umberto Eco em seu livro Apocalípticos e integrados, publicado na década de 70. Em plena discussão sobre a cultura de massa, Eco definiu como “apocalípticos” aqueles para os quais a cultura de massa significaria a ruína dos “altos valores” artísticos. O “integrado”, por sua vez, convidaria o leitor à passividade ao aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa. Diante de toda inovação, parece que se repete, na escola, justamente esse comportamento dicotômico de adesão ou repulsa.

 


Tecnologia e caráter
Em meio a tantas mudanças trazidas pelo repertório digital, uma começa a chamar a atenção: a ideia de que a tecnologia pode ajudar a moldar o caráter dos jovens. A novidade vem de Howard Gardner, psicólogo cognitivo, e de sua mais recente pesquisa, o GoodPlay Project, que ele conduz ao lado dos pesquisadores de Harvard. O projeto quer investigar o comportamento ético de jovens e adolescentes em ambiente digital, incluindo redes sociais, blogs, jogos on-line e até o uso de ferramentas como a Wikipédia. A proposta é entender como os jovens conceituam sua participação no universo virtual e as considerações éticas que orientam sua conduta.A pesquisa tem caráter essencialmente qualitativo e adota como metodologia entrevistas em profundidade. Alguns temas ganham relevo na investigação, seja por sua importância na era digital, seja por sua evidente implicação ética. São questões como identidade, propriedade, privacidade, autoria e credibilidade.Na etapa atual, que compreende a faixa de 10 a 14 anos, o estudo também se debruça sobre a influência do adulto na vida dos jovens e busca um olhar especial para o uso politicamente correto da tecnologia. Aqui, a regra é concentrar o foco nos que associam letramento digital e cidadania, fazendo do universo multimídia um terreno de boas práticas. Na primeira fase, o projeto trabalhou com um corte de 15 a 25 anos, usuários de jogos on-line, páginas de redes sociais e outras comunidades digitais.

O que diz o “internetês”
Em e-mails, nas páginas do Facebook e em outras tantas redes sociais o “internetês” é empregado como marca que territorializa, definindo os contornos da linguagem ressignificada em versão digital. As regras buscam a agilidade tão própria dos ambientes e da linguagem digital. Envolvem, por exemplo, a pontuação minimalista e um variado repertório de siglas e abreviaturas.O emprego do K economiza o traçado, preserva o fonema e assegura a compreensão do interlocutor. Aqui é aki e aquilo, na mesma regra, vira akilo, assim como quem é simplesmente kem. A síntese é sempre presente, pela própria agilidade que é marca registrada das tecnologias – você vira vc, não acaba em naum e também vira tb, apenas para ilustrar com os exemplos mais corriqueiros. E por falar em síntese, mensagens de e-­mails e de celular usam e abusam de saudações, que não são mais beijos ou abraços, mas bjs e abçs. O simples ato de agradecer também pode ser expresso em três letras – bgd – muito mais prático e funcional que o convencional obrigado. E se o letramento se reconfigura em ambiente digital, vem agora acompanhado de desenhos simbólicos (emoticons), estruturas frasais pouco convencionais e de uma escrita que muitos julgam semialfabética.É simplificação e empobrecimento da língua? Como, afinal, compreender esse fenômeno? “Não é língua, nem linguagem. É como uma ‘reforma ortográfica’ para um uso específico. E vem essencialmente com três funções: agilizar a digitação, se livrar da acentuação – simplificando a parte motora da escrita atual – e, finalmente, definir círculos sociais ou comunidades dentro da rede”, explica Roxane Rojo, da Unicamp.Mas é inegável que muitos professores reagem e ficam incomodados diante dessa mudança nas formas de escrita. Há educadores que transitam com desenvoltura e são grandes entusiastas do repertório digital, enquanto outros tantos temem o fim do livro e difundem os perigos da tecnologia.O debate remete aos conceitos de “apocalíptico” e “integrados”, instituídos pelo linguista italiano Umberto Eco em seu livro Apocalípticos e integrados, publicado na década de 70. Em plena discussão sobre a cultura de massa, Eco definiu como “apocalípticos” aqueles para os quais a cultura de massa significaria a ruína dos “altos valores” artísticos. O “integrado”, por sua vez, convidaria o leitor à passividade ao aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa. Diante de toda inovação, parece que se repete, na escola, justamente esse comportamento dicotômico de adesão ou repulsa.

Fonte: Valeria Hartt, Revista Educação, Especial Tecnologia
Com a colaboração de: Beatriz Rey
Publicado em: Outubro-2011

Armazenamento virtual

 

Escolas recorrem à computação em nuvem para agilizar seus sistemas gerenciais e reduzir custos, mas há desconfiança sobre a estabilidade e segurança das novas plataformas.

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Estamos entrando na era pós-PC.”  Com esta frase, o principal executivo da Apple e uma das mentes mais respeitadas do mundo da tecnologia, Steve Jobs, anunciou em março deste ano seu novo gadget, o iPad 2. A apresentação da segunda geração do tablet, uma máquina sem muita capacidade para processar arquivos localmente, foi também uma espécie de profecia de morte para os desktops, notes e netbooks. Para Jobs, a ideia de comprar um computador, instalar programas que rodam em seu disco rígido e armazenam dados em sua memória está em declínio. Uma nova realidade, que envolve tablets e smartphones leves e ágeis, substituirá o PC no dia a dia, basicamente graças a uma inovação da indústria de TI: a computação em nuvem.

A nuvem nada mais é que um amontoado de servidores capazes de rodar todo tipo de programa que, antes, ficavam instalados na máquina do usuário final. A faceta mais conhecida da nuvem são as ferramentas de webmail, como Gmail e Hotmail. Até pouco tempo, as pessoas instalavam e-mails como Outlook em seus computadores e baixavam ali – e só ali – suas mensagens. Ao fazer download de um e-mail no PC do trabalho, o usuário não conseguiria lê-lo depois em casa. E vice-versa.

Essa confusão acabou com o advento da nuvem, uma vez que as mensagens ficam sempre gravadas em um servidor central e podem ser acessadas, sempre, de qualquer máquina, a partir do navegador, sem a necessidade de instalar um programa no PC. A inovação do webmail espraiou-se para todo tipo de serviço. Hoje, é possível ver vídeos, ouvir músicas, acessar editores de texto, planilhas e até sistemas de gestão completos sem precisar instalar nada no computador pessoal. Basta recorrer à nuvem. As vantagens dessa tecnologia possuem um apelo irresistível: elas diminuem os custos com a implantação das Tecnologias de Informação (TIs). Por esse motivo, a procura da tecnologia por parte das escolas vem se acentuando nos últimos anos.

Na prática
Desde o ano passado, a rede mineira de escolas técnicas Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias (Ceatec) aderiu à nuvem. A escola decidiu instalar todos os programas usados na gestão da escola, como os que processam folha de pagamento, montam grades de aula e lançam notas dos alunos, em servidores remotos (ou seja, externos). Implementados com a tecnologia Enterprise Resource Planning (ERP), os sistemas de gestão do Ceatec não foram modificados – apenas mudaram de lugar por meio de uma solução de nuvem. O CEO da Centric System, Otto Pohlmamn, empresa que cuidou da adoção da nova tecnologia pelo Ceatec, explica que todos os sistemas tradicionais usados pela instituição agora rodam em um data center externo. Uma aplicação intermediária faz com que todas as máquinas instaladas no colégio acessem os dados remotamente. “Para o usuário final, não muda nada. É como se ele estivesse usando um programa instalado em seu PC”, diz.

Já do ponto de vista de custos, o colégio não precisa mais investir em servidores, rede interna ou mesmo computadores de grande porte para rodar as aplicações localmente. Afinal, todo o processamento acontece em servidores externos. Além disso, a escola deixa de preocupar-se com futuras versões de softwares e manutenção da rede. Tudo fica por conta do serviço de nuvem contratado. Há ainda economia nas licenças de aplicativos. Em vez de comprar um pacote Office, por exemplo, para cada PC, instala-se um só pacote de produtividade na nuvem e os usuários o acessam remotamente. O pagamento é feito pelo número de usuários que acessam simultaneamente o software, volume menor que pagar uma licença por PC.

“Nosso sistema é especialmente interessante para instituições que possuem muitas unidades físicas espalhadas por diferentes localidades. Assim, além de educação temos muitos consumidores nas áreas de hotelaria e vendas no varejo”, diz Otto, lembrando que soluções em nuvem permitem que diferentes usuários atualizem uma mesma base de dados, independentemente do lugar onde estão. Assim, informações de colégios localizados em bairros e cidades diferentes podem ser integradas e atualizadas a partir de diferentes lugares.

A rede de escolas filantrópicas Aper (Associação Assistencial, Promocional e Educacional Ressurreição) também investiu numa solução de nuvem para criar conexão entre suas várias unidades. No caso da Aper, o grupo adotou o software Go-Global, desenvolvido pela empresa americana Graphon, que permite “virtualizar” as aplicações. Na prática, isto permite que um mesmo servidor externo execute softwares desenhados para diferentes sistemas operacionais, como Windows, Linux ou Mac OS. A partir de seu terminal, o usuário consegue acessar na tela de sua máquina softwares de gestão em Linux, aplicativos Microsoft ou programas de edição de imagems feitos para Mac OS.

Trabalho colaborativo
web2O colégio paulistano Bandeirantes também vem adotando, gradualmente, soluções em nuvem. De acordo com o diretor de tecnologia da escola, Sérgio Boggio, ferramentas em nuvem são úteis não só para dar ganhos de produtividade à TI, mas também para ambientar os estudantes às novas plataformas. “Nós incentivamos fortemente os alunos a realizar trabalhos de forma colaborativa, usando aplicações em nuvem como Google Docs ou Prezi”, diz Boggio, referindo-se aos sistemas de planilha de textos e de apresentações on-line que substituem aplicações da Microsoft como Word, Excel e Power Point.

A própria Microsoft, aliás, adaptou seus produtos mais vendidos para a nuvem. O sistema operacional Windows é chamado de Azure em sua versão para a nuvem e o Office leva o nome de Live. Todos podem ser rodados remotamente. Softwares desse tipo permitem que alunos, a partir de casa, façam reuniões virtuais por meio de comunicadores instantâneos ou Skype e alterem textos, trabalhos e apresentações na nuvem. Segundo Sérgio, o uso desses recursos é uma forma de adaptar os alunos às necessidades que eles encontrarão no uso de tecnologias na vida adulta.

Alertas
Já na hora de migrar as aplicações de gestão para a computação em nuvem, Sérgio é mais cauteloso. “Nós temos sistemas de administração internos que rodam bem e atendem nossas necessidades. É claro que avaliamos o cenário de TI e consideramos a hipótese de, em algum momento, migrar para um data center”, diz.  Entre as vantagens que Sérgio vê na migração está a terceirização de atividades como manutenção de rede. Segundo o diretor, o fato de os sistemas de gestão ainda estarem instalados na rede interna exigem que ele mantenha uma equipe sempre em alerta. “Se algum servidor falhar no final de semana ou na madrugada, alguém de nossa equipe precisa vir aqui resolver a crise”, diz. Ao adotar uma solução de nuvem, o trabalho de manutenção fica por conta da empresa contratada para fornecer os serviços.

Para Sérgio, o lado negativo da gestão em nuvem é a segurança dos dados. “Quando minhas informações estão dentro do Bandeirantes, eu tenho total controle sobre elas. Mas e quando elas estiverem todas hospedadas num data center de terceiro?”, questiona o diretor de TI.  Afinal, a adoção da tecnologia de nuvem coloca nas mãos da empresa contratada todas as informações sobre a escola. Embora contratos de confidencialidade regulem esse processo, empresas que atuam em setores mais sensíveis relutam em ceder às condições da nuvem, como bancos e empresas do setor financeiro. “Acho que no caso das escolas, como não há dado extremamente sensível, a nuvem pode ser uma boa alternativa”, admite Sérgio.

Apesar de gerar uma ou outra resistência – como dúvidas sobre segurança e a dependência de conexão à web para acessar sistemas – a adoção de soluções em nuvem se apresenta como tendência, inclusive nas escolas. Para o especialista americano Nicholas Carr, autor do livro The Big Switch (A grande mudança, em tradução livre), que avalia o impacto da cloud computing na produção das empresas, em até dez anos, 80% das aplicações para tráfegos de dados devem rodar remotamente.

A questão com a qual os diretores das escolas devem se confrontar ao longo dos próximos anos talvez não seja sobre migrar ou não, mas sobre o momento certo para fazer isso e a solução que será adotada. A recomendação dos especialistas é colocar numa planilha de custos todos os gastos com TI da escola e orçar os custos de migração com ao menos três fornecedores diferentes de tecnologia, medindo também as economias futuras. O mais importante, no entanto, não são os custos, mas o planejamento da migração. O conselho é planejar com grande antecedência (às vezes, até dois anos antes) e só migrar de tecnologia quando houver segurança de que esta é a melhor decisão para a escola.

 

Entendendo a nuvem

Os serviços de cloud computing apresentam muitas vantagens, como a redução nos custos, mas também possuem seus pontos negativos, como a dependência da internet. Veja o que colocar na balança antes de fechar um contrato

Vantagens

  • Permite acessar seus dados de qualquer lugar, ampliando a mobilidade do uso das ferramentas de gestão e a produtividade dos colaboradores.
  • É uma tendência apoiada por empresas inovadoras, como Google, IBM e Microsoft. Isto indica que novos recursos devem surgir nos próximos anos.
  • Reduz os custos com compra de servidores e infraestrutura de rede. Se a escola crescer, basta alugar serviços de terceiros.
  • Diminui a demanda interna por mão de obra em TI, uma vez que toda a infra fica terceirizada para o fornecedor da solução em nuvem.
  • Diminui os gastos com licença de software, já que aplicações em nuvem são mais baratas e podem ser acessadas com menor custo por usuário.
  • É possível usar terminais mais baratos e menos poderosos para acessar dados, uma vez que o processamento ocorre no data center.

Desvantagens

  • Dependência da qualidade da conexão com a internet. Especialistas recomendam contratar serviços de banda larga com redundância, o que eleva custos.
  • Com os dados hospedados externamente, a política de segurança é terceirizada. Se o fornecedor for hackeado, os dados podem ser comprometidos.
  • Há necessidade de backups regulares para assegurar que nenhum dado se perca com o passar do tempo.
Fonte: Felipe Faletti, Revista Educação, Especial Tecnologia
Publicado em: Outubro-2011