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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O professor posto à prova

Principal instrumento de aferição na escola, avaliação escrita ainda é pouco entendida por docentes brasileiros; falta de debate sobre resultados compromete processo de ensino e aprendizagem

Gustavo MoritaProva escrita deve cobrar conteúdos que precisam ser memorizados, mas também propor situações-problema

A prova de Geografia começa e logo o aluno de ensino fundamental se depara com a seguinte questão: "o que é depressão?". A resposta vem imediata e constrange o professor: "é aquela doença que minha mãe tem e precisa tomar remédio".  Em outra escola, o docente chega com o maço de provas. Começa a chamar os alunos para receber as notas, com um detalhe: a chamada acontece em ordem decrescente de desempenho, o que instaura uma espécie de terror na sala de aula.

Ambas as situações são reais e estão descritas no estudo Prova: um instrumento avaliativo a serviço da regulação do ensino e da aprendizagem, realizado pela pesquisadora Dirce Aparecida Foletto de Moraes, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os casos, que não são isolados, mostram como permanece profundo o abismo entre a teoria e as práticas da avaliação. Além disso, indicam que a prova escrita, principal recurso do qual o professor lança mão para se informar sobre o desempenho dos seus alunos, frequentemente é elaborada sem os pré-requisitos necessários para se configurar como um bom instrumento de avaliação.

O estudo foi publicado na última edição da revista científica Estudos em Avaliação Educacional, da Fundação Carlos Chagas, e joga luzes sobre um tema relativamente pouco estudado na academia e insuficientemente trabalhado nos programas de pedagogia e de formação continuada. Afinal, se é verdade que a avaliação é um componente essencial no processo de ensino e aprendizagem, e se o professor tem na prova seu instrumento mais rotineiro, torna-se urgente aprimorar o uso desse recurso, tanto na compreensão mais ampla do que ele representa, como na própria elaboração do instrumento.

Não que não haja interesse. O matemático Tadeu da Ponte, diretor do instituto de avaliação Primeira Escolha, responsável, entre outros, pelo vestibular do Ibmec, vem realizando palestras em todo o país sobre o tema da prova, sempre para auditórios lotados. "É preciso lembrar que esta não é mesmo uma questão simples, e o professor precisa ser preparado para saber avaliar", diz.

 

Perspectiva histórica

O primeiro passo é, exatamente, compreender o princípio do que se está fazendo. Afinal, o que é uma prova? Ela é mesmo um bom instrumento? Por que se tornou um sinônimo de avaliação? Segundo o autor Cipriano Luckesi, uma das referências no tema no Brasil, a prova surgiu ainda no século 16, na Europa, como um recurso de coleta de dados sobre o desempenho do educando. "Esse recurso recebeu o nome de ''''prova'''' e permaneceu com essa denominação até hoje. É o mais comum e cotidiano instrumento usado em sala de aula", diz Luckesi. Boa parte de seu sucesso se explica pela eficácia de reunir informações sobre um conjunto grande de alunos. Na Idade Média, não havia necessidade de testes escritos, devido a pouco número de aprendizes. "O mestre convivia diretamente com todos, podia observá-los, conversar, observar diretamente seu desempenho", lembra. Mas veio o tempo em que se tornou necessário o ensino para muitos e a demanda por um recurso eficiente para que o professor pudesse conhecer o desempenho de todos - e assim nasceu a prova.

Para a pesquisadora Dirce de Moraes, há outros fatores que fizeram com que o teste se tornasse um instrumento predominante ao longo dos séculos. Ele documenta e comprova o conhecimento, possibilitando a representação final por um valor numérico, que retrataria a aprendizagem daquele que foi avaliado. Para Dirce, hoje muitos professores simplesmente não conseguem acompanhar a aprendizagem do aluno sem lançar mão da prova. "Os educadores até buscam novos caminhos, mas, por desconhecerem as diferentes ferramentas ou por sentirem-se inseguros, garantem-se na prova como instrumento comprobatório", diz.

 

Críticas

A prova também se tornou um meio de comunicação entre famílias, crianças e escola. Basta ver que é muito mais frequente um pai perguntar a um filho ''como foi na prova'', do que ''o que você aprendeu''. Provavelmente, o abandono dos testes escritos causaria um terremoto na confiança que as famílias depositam na escola. Por fim, diz a pesquisadora, até mesmo entre os alunos a prova se tornou um instrumento de status, induzindo uma hierarquia em sala de aula. "A nota da prova leva a distinções entre melhores e piores, entre aqueles que têm potencial e os que seguem para o fracasso", diz. Nesse sentido, práticas docentes como dar a nota em voz alta estimulam essa visão.

Mas essa é apenas uma das críticas direcionadas à avaliação. Uma delas diz respeito aos usos inadequados dos instrumentos, especialmente por seu caráter de controle da classe e de poder do professor sobre o aluno. Outro questionamento é a confusão entre avaliar e fazer prova. "A prova em si não avalia nada, só oferece subsídios para o professor analisar as aprendizagens dos alunos", diz Dirce. "Avaliar é tudo o que acontece antes da nota", reforça Luckesi. Mas, tudo isso não significa que a prova seja um mal em si, alertam os pesquisadores. A questão é que ela precisa ser adequadamente aplicada. A começar do mais óbvio: uma prova escrita é útil quando se restringir às competências lógico-verbais. Ou seja, pode-se fazer uma prova escrita sobre história da arte, mas não sobre as habilidades de um artista. Por isso mesmo, há diversas outras situações na vida escolar que requerem outros instrumentos de avaliação - como produções, portfólios, apresentações e outras formas de levantar informações sobre a aprendizagem.

 

Encaminhamentos

Para Tadeu da Ponte, a elaboração de um bom instrumento de avaliação começa pela intencionalidade. E essa é a primeira dificuldade, pois requer que o professor inverta a lógica com a qual trabalha cotidianamente. "O docente olha para o cronograma, vê o calendário, o tempo de prova e de correção, pensa no que foi trabalhado ao longo de certo período", diz Tadeu. "Mas, para uma boa prova, precisamos pensar de trás para a frente e perguntar o que queremos que o aluno tenha de fato aprendido", sugere.

A partir desse princípio, o educador deve ter presente que a prova é um indicador, uma informação, como um sinal de trânsito, que precisa, portanto, ser interpretada, e não meramente corrigida. "A questão da prova precisa indicar algo; o erro tem de indicar algo", enfatiza o especialista. Portanto, para ele, a primeira providência antes mesmo de escrever as questões é colocar no papel a descrição da prova, quais conteúdos, quais competências se quer avaliar - tecnicamente, trata-se de estabelecer os descritores. Isso vai determinar, em grande medida, a formulação das questões e a estrutura do exame.

O desenvolvimento das questões é um dos pontos que mais atrapalham os professores, não apenas pela falta de clareza de que conteúdos mais relevantes devem ser avaliados, mas pela própria linguagem. "Com frequência, a linguagem utilizada não é clara e precisa, deixando o aluno em dúvida sobre o que o professor realmente quer como resposta", diz Vasco Moretto, autor do livro Prova: um momento privilegiado de estudo, em que analisou mais de 8 mil provas recolhidas em todo o Brasil.

 

Clareza

Um dos males mais comuns dos testes escritos aplicados nas escolas brasileiras é, segundo Moretto, a falta de parâmetros claros para a correção. Ao utilizar perguntas genéricas como "Comente, dê sua opinião", o professor automaticamente está dando carta branca para todo tipo de resposta. "O comando deve estar muito claro", confirma Tadeu da Ponte. A clareza da questão, a adequação do vocabulário à faixa etária e a objetividade também são atributos de uma boa prova. "Muitas vezes, o professor faz uma questão com quatro ou cinco temas embutidos, porque acha que poderia ser bom perguntar também isso e aquilo. Isso, no entanto, só dificulta a análise posterior", analisa Tadeu.

Terminada a questão, mande-se imprimir? Nada disso. Um protocolo comum nas instituições que elaboram exames deve ser seguido. O primeiro é reler a questão que se escreveu. Parece básico, mas a falta desse procedimento explica a grande quantidade de erros de gabarito ainda encontrados. Aliás, erros de gramática identificados pelos alunos podem até desacreditar o instrumento e desmoralizar o professor diante da turma.

Outro engano comum é o uso de gráficos e ilustrações coloridas. Muitas vezes, os professores fazem provas com belas imagens, mas esquecem que ainda ela será reproduzida - talvez por uma máquina que imprima em branco e preto, com péssima definição e ainda em formato reduzido. Isso faz com que a compreensão das questões pelo aluno seja muito prejudicada. Por fim, para Tadeu, a cada releitura, o professor deve procurar ver se era possível perguntar a mesma coisa com menos palavras. A objetividade é um parâmetro de qualidade e permite melhores resultados no teste. "Muitas vezes dizemos que nossos alunos são prolixos e pouco objetivos, mas as próprias questões induzem a isso", avalia o matemático.

Conteúdos versus habilidades

A partir de 1997, professores passaram a lidar com a preocupação de contextualizar  as questões, especialmente nos grandes vestibulares, incluindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Isso tem a ver diretamente com a concepção de aprendizagem significativa, originada especialmente das ideias do psicólogo norte-americano David Ausubel. O conceito remete à necessidade de estabelecer relações entre as aprendizagens prévias e a busca de conexões com a realidade do aluno. Para Vasco Moretto, uma característica típica da boa prova é, justamente, sua capacidade de estimular a aprendizagem significativa, o que requer a contextualização do que está sendo perguntado, por exemplo, por meio de um texto anterior.

Não se trata de um desafio simples, até porque nas escolas há uma clara dissociação entre os "saberes escolares" e a vida real. Mas, ainda que seja difícil desenvolver um teste que traga tais qualidades, é possível tornar a prova interessante, no entender de Tadeu da Ponte. "A contextualização não implica sempre que a questão deve ter a ver com a vida do aluno, mas que ele será provocado a pensar para resolver o problema, talvez de uma forma a que não está habituado", diz. Esse princípio automaticamente inibe a prática da memorização de respostas e procedimentos, o que deve ser, em última instância, preservado, em sua perspectiva.

Ao mesmo tempo, a memorização, que é considerada um método ultrapassado de aprendizagem por muitos educadores, não pode ser esquecida. Em janeiro deste ano, a revista acadêmica norte-americana Science publicou um estudo que apontou que a "decoreba" pode impactar positivamente no desempenho dos estudantes. Realizada pelo psicólogo Jeffrey Karpicke, ligado à Universidade de Purdue, no Estado de Indiana, a pesquisa envolveu 200 jovens universitários. Os alunos estudaram textos científicos de duas formas. A primeira os estimulou a fazer elaborações sobre o conteúdo que aprenderam, com o texto em mãos. A outra simplesmente os afastou do texto, na tentativa de recuperar o máximo de informação por meio da memória.

Os jovens que exercitaram a memória em vez de estudar com o texto à sua frente apresentaram resultado 50% superior em provas aplicadas. Segundo o estudo, a memorização ajudou os alunos a responder questões que exigiam deduções mais complexas e cruzamento de informações. A hipótese de Karpicke para explicar os resultados aponta que o processo de relembrar não envolveria apenas o resgate de informações já arquivadas no cérebro, mas também de reconstrução do que foi armazenado, o que obrigaria o órgão a reorganizar o assunto e priorizar determinados tópicos. "Não podemos nos levar por preconceitos. Há, de fato, conhecimentos que precisam ser memorizados. Por outro lado, devemos procurar oferecer situações-problema que levem o aluno a se apropriar desses conteúdos, tornando-se capaz de pensar de forma diferente, conforme os contextos que se apresentam", opina Tadeu da Ponte.

Formação

O desenvolvimento de bons instrumentos de avaliação vem sendo tratado nas universidades quase sempre do prisma teórico. Contudo, os professores se sentem desamparados e desorientados na escola, como demonstrou a pesquisa empreendida por Dirce Moraes. Visitando escolas e conversando com professores, Dirce percebeu que não havia qualquer orientação em relação à elaboração das provas, à correção e às tomadas de decisão após os resultados. "Cada professor fazia da forma como achava certo", conta. Entre alguns bons exemplos, Dirce encontrou questões simplesmente retiradas de livros, enfatizando somente a memorização, sem preocupação de contextualizar as perguntas.

Na verdade, como demonstra a pesquisadora Bernadete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC), em seu livro Professores do Brasil - Impasses e Desafios, no qual analisou currículos de cursos de pedagogia de todo o país, muitas vezes o docente reproduz práticas que encontrou na graduação. Nas faculdades, o método mais comum de avaliação é a prova escrita, como a que posteriormente ele proporá aos seus alunos. O problema é que as consequências desse despreparo remetem diretamente a questões graves da educação brasileira, como o fracasso escolar. "Um trabalho sistemático com a orientação dos professores, a formação continuada e conscientização sobre a responsabilidade de cada um no processo colaboram significativamente com o sucesso do aluno, distanciando-o do fracasso escolar", diz.

Distorções

Um estudo importante nesse sentido foi desenvolvido por Ricardo Madeira, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), na USP, há três anos. Comparando as notas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e as atribuídas pelos professores em sala, Madeira encontrou distorções reveladoras. Percebeu, por exemplo, que enquanto no Saresp as notas distribuem-se na forma de um sino, ou seja, mais ou menos igualmente, nas classes tendem a se aglutinar. "O professor tende a dar nomes iguais para alunos diferentes", diz.

A pesquisa mostrou que os testes que constantemente ranqueiam os alunos para baixo podem desmotivar e causar o abandono. "A prova traz uma influência importante sobre a decisão dos alunos", diz. Para ele, o descolamento entre as notas do professor e do Saresp pode indicar simplesmente que os docentes reconhecem que a prova não é um instrumento perfeito, o que reforça a necessidade de se utilizar variados instrumentos de avaliação. Mas há ainda outros aspectos importantes que ligam a cultura do exame escrito aos problemas de aprendizagem. Um dos principais é justamente sobre o que se costuma fazer com os resultados dos testes. Quase sempre, nada.

O pesquisador Luckesi chama a atenção para o fato de que a simples atribuição de valores numéricos não significa que houve um processo de avaliação formativa, ou seja, que produza reflexos sobre a aprendizagem. A prova deveria ser o primeiro passo, e não o final, de um processo como esse. Há muito a ser feito, como identificar e trabalhar com as turmas sobre pontos que se mostraram difíceis, ou como lançar um olhar mais individual para o desenvolvimento de cada aluno. "O feedback possibilita que ele se situe em relação às aprendizagens, tenha condições de entender e não apenas constatar seus erros e acertos. É preciso refletir, propor situações em que o aluno possa compreender o que fez e o que deixou de fazer em relação ao que foi proposto", enfatiza Dirce.

O argumento dos professores - e não desprovido de razão - é o problema do número de estudantes em sala, que inviabiliza um tratamento individualizado. "É possível que não consiga atender a todos, mas se propuser diferentes situações em que os alunos possam trabalhar na superação das dificuldades constatadas, isso vai contribuindo para o avanço. O que não pode acontecer é a prova apenas atestar a competência ou a incompetência do indivíduo com uma nota", alerta a pesquisadora. Tratar a prova como uma reta de chegada é como olhar o termômetro e se satisfazer com o que ele indica, sem procurar as causas da febre. Para Luckesi, a preocupação única com aprovação ou reprovação acaba por afastar o gestor e o professor daquilo que ele efetivamente procura ao propor um teste - ou seja, encontrar dados para as decisões que terá de tomar, decisões que podem influenciar o futuro de milhares de vidas.

 

Uma boa prova

Veja algumas dicas de como elaborar a avaliação escrita em sala de aula, segundo diferentes autores:

  1. Ter clareza do objetivo de cada pergunta. É preciso haver intencionalidade.
  2. Buscar que sejam adequadas ao nível dos alunos, com questões bem distribuídas, entre fáceis, médias e difíceis.
  3. Elaborar as questões com perguntas que sejam relevantes e evitar pegadinhas.  Tem de ter um tema predominante. Evitar os extremos: nem tão geral, nem tão específico, pedindo "a nota de rodapé".
  4. Se possível, buscar contextualizar os problemas ou, pelo menos, procurar apresentá-los de forma a provocar o raciocínio e evitar somente respostas memorizadas.
  5. Ser rigoroso com a linguagem, evitando perguntas genéricas. O comando, ou seja, o que se quer de cada resposta deve estar muito claro. Evitar o uso de questões com o uso de negativa, que posteriormente prejudicam a análise da prova.
  6. Ser coerente com as aulas e as estratégias previamente utilizadas nas aulas.
  7. Evitar provas exaustivas, que demandam muito tempo de realização. Isso não contribui para a qualidade do instrumento.
  8. Planejar a prova com antecedência, com tempo para reler as questões, refazê-las e depurá-las.
  9. A escolha do formato deve estar a serviço do objetivo. Questões de múltipla escolha podem ser tão boas com quatro opções do que de cinco, por exemplo. Para o Ensino Fundamental I, é melhor utilizar três alternativas; para o Ensino Fundamental II, quatro.
  10. Atenção aos detalhes: cuidado com a correção gramatical, e com o uso de gráficos com cores e tamanhos que depois podem ser prejudicados na reprodução.
Fonte: Paulo de Camargo, Revista Educação nº 174
Publicado em Outubro de 2011

Múltiplos fatores

 

Avaliações do uso de tecnologia para fins pedagógicos apontam bons resultados, mas não é possível atrelar a melhoria no desempenho exclusivamente à incorporação dessas ferramentas

De um lado, a desconfiança. A adesão cega, por parte das escolas, às ofertas de máquinas e softwares educacionais que aparecem constantemente no mercado parece não garantir melhoria em termos de aprendizagem. Ao mesmo tempo, não é possível renegar ou simplesmente ignorar a presença da tecnologia nas escolas, já que a vida, em geral, está cada vez mais permeada por dispositivos e interações digitais. Na ausência de respostas para uma pergunta recorrente - as tecnologias impactam positivamente a educação? -, cria-se mais um questionamento: qual é  a medida justa da incorporação dos meios digitais ao ensino?

A resolução de ambos os problemas passa pela instituição de processos avaliativos no que diz respeito às chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Mas mesmo a tarefa de avaliar se o uso das ferramentas interfere ou não no desempenho dos alunos não é nada trivial. "É importante ressaltar que, dependendo do que se concebe como educação, ela não necessariamente melhora a aprendizagem", defende Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP (Feusp). Em outras palavras, a concepção que se tem sobre educação deve ancorar os critérios de avaliação do uso de recursos digitais. "Por exemplo, se você educa para formar pessoas competitivas, a tecnologia pode ser uma maneira de acelerar os estudos, incrementá-los, para fazer com que seus alunos estejam à frente dos outros."

O alerta é importante para a formação de senso crítico na interpretação de avaliações que se apresentam na mídia ou no âmbito da gestão educacional, de projetos e estudos sobre a aplicação de tecnologias no ambiente escolar. Uma delas, divulgada recentemente pela empresa Positivo Informática, em parceria com a Fundação Carlos Chagas (FCC), avaliou a experiência realizada no município piauiense de José de Freitas. O projeto "Aprendendo com Tecnologia" foi implantado por meio de uma parceria entre a Positivo Informática, a prefeitura municipal e o governo estadual do Piauí, colocando soluções de tecnologia - lousas interativas com câmeras, mesas educacionais, laboratórios de informática com software próprio - em escolas públicas da cidade.

O relatório de resultados do projeto destaca aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das escolas de José de Freitas. O Ideb da rede estadual passou de 3,3, em 2007, para 4,4 em 2009. No sistema municipal, foi de 2,8, em 2007, para 3,4 em 2009 (o índice é sintetizado a cada dois anos, portanto os responsáveis comparam os valores anteriores e posteriores à experiência). Testes aplicados pela FCC no primeiro semestre e no final do ano de 2009 também apontaram resultados positivos. As provas foram feitas por um grupo de controle com perfil similar ao de José de Freitas, o que mostrou ganhos maiores entre as escolas participantes do projeto.

Em língua portuguesa, os estudantes de José de Freitas, do 2º ao 5º ano do fundamental, tiveram ganho de 8,3 pontos porcentuais entre o teste final e o teste anterior ao início da experiência, contra ganho de 0,2 ponto porcentual observado no grupo de controle. Em matemática, a diferença foi de 6,5 pontos percentuais em José de Freitas, ante 0,2 ponto percentual no grupo de controle. "O que se percebeu é que a empresa não colocou a tecnologia e foi embora, mas fez todo um trabalho de capacitação dos professores, acompanhamento e avaliação", afirma Glaucia Novaes, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, responsável pela avaliação da experiência.

Foi neste sentido que a entidade, além de medir o desempenho dos alunos nas provas, aplicou questionários a estudantes, professores e diretores. "Atribuímos o resultado ao projeto como um todo, incluindo capacitação aos gestores e docentes, à presença de monitores que acompanharam as aulas, ao planejamento orientado pela Positivo", afirma. Uma questão a considerar foi a introdução de bibliotecas digitais nas escolas de José de Freitas, promovido pelo projeto. "Os alunos passaram a ter acesso a diferentes textos via computador, além de atividades variadas", comenta. A diretora Maria do Livramento Carvalho, da escola municipal Levy Carvalho, concorda. "Antes, as aulas eram muito tradicionais, só com quadro-negro, giz e lousa. Com a utilização da ferramenta, essa aula deixou de ser só teoria e passou a ser mais atrativa", afirma.

A escola recebeu dois laboratórios: um com 17 computadores e outro com a lousa interativa e a câmera. A programação relacionada ao projeto inclui atividades em sala de aula antes e depois da aula com os computadores. A professora Jacquelane Maria Carvalho Cruz, da EM Agripina Portela, afirma que o "Aprendendo com a Tecnologia" contribuiu com mais estratégias didáticas e opções de atividades. "No início, tínhamos dificuldade em fazer a integração do conteúdo apesar de o software ser programado de acordo com nossa grade. Depois, tivemos formação, e vieram os arquivos impressos, para não perdermos tanto tempo buscando e tentando entender como é uma atividade", relata.

Segundo Glaucia, as turmas em que os alunos eram protagonistas da aprendizagem apresentaram ganhos maiores nos resultados medidos - premissa defendida por vertentes pedagógicas desde o início do século passado, como a linha da Escola Nova, em um tempo em que não existia computação. "Agora, os professores utilizam diversas metodologias didáticas, os alunos pesquisam na internet, leem textos, utilizam vários gêneros textuais. E através da tecnologia, o aluno, que antes tinha um papel passivo, passa a ser ativo, evoluindo no aprendizado", conta Maria do Livramento. Na escola dirigida por ela, a diferença no Ideb não foi o principal indicador atrelado ao projeto. Passou de 2,9, em 2007, para 3,0, em 2009. "Em 2010, com a utilização da ferramenta tivemos reprovação quase nula na escola, contra uma situação anterior que chegava a 50% dos alunos", revela a diretora.

 

Números e critérios

A avaliação do projeto "Sala de Aula Conectada", realizado na área metropolitana de Hortolândia (SP) entre junho de 2009 e novembro de 2010, também apresenta resultados positivos, em números e nos aspectos de interação e motivação. O programa foi fruto de uma parceria entre a empresa de computadores Dell e a Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. O "Sala de Aula Conectada" incluiu conteúdo interativo, formação de professores e sala de aula equipada com projetor/lousa digital, computador do professor e kit multimídia, além de ferramentas de gestão remota.

Produzida pela Unesco, a avaliação comparou os resultados dos alunos do programa com um grupo de controle - o projeto apontou ganhos em sua aplicação. "Os alunos participantes de ensino fundamental apresentaram melhora de desempenho de 34% em português e 20% em matemática, resultados 2 a 7 vezes melhores do que o grupo de controle de alunos não participantes", diz o texto. Os critérios da avaliação do projeto são condizentes com os pressupostos da empresa sobre educação, expressos na abertura do documento: "para mantermos e ampliarmos nosso crescimento econômico nos próximos anos, garantindo uma cidadania equânime para todos, precisaremos acelerar o ritmo dos ganhos de aprendizado dos nossos alunos", diz o texto assinado pelo presidente da companhia no Brasil, Raymundo Peixoto.

O relatório faz duas ressalvas importantes: "além da introdução do uso da tecnologia, as escolas estão sujeitas a outros fatores intervenientes" e "resultados encontrados revelam uma tendência de melhora de rendimento, porém para a generalização desses resultados seria necessária a realização de uma série histórica ampliada".  São ponderações necessárias de se observar na interpretação das avaliações de uso de tecnologia, no sentido de evitar a mitificação da informática como salvadora da educação.

"Não defendo que não se adotem as TICs, mas não é a presença dessas ferramentas que produz os incrementos no desempenho de leitura e resolução de problemas. Se não houver um programa pedagógico ativo na escola, que favoreça a leitura, não são essas ferramentas que produzirão isso", defende Alavarse. A perspectiva de que a tecnologia não é capaz de resolver os problemas da educação foi reforçada em junho por um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que relaciona o uso de computadores com resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em 70 países, realizado a cada três anos, desde 2000.

O estudo sugere que os estudantes estão desenvolvendo capacidades de leitura digital principalmente ao utilizar computadores em casa, de acordo com seus próprios interesses. A frequência do uso de PCs no lar, principalmente para lazer, tem uma associação positiva com as habilidades de leitura em ambiente digital, ao passo que a intensidade do contato com a informática na escola não produz o mesmo resultado. Para medir o impacto do computador na escola, o relatório admite a necessidade de estudos mais detalhados sobre as atividades realizadas."Evidentemente que, em alguns contextos, o fato de você levar um computador para a sala de aula pode criar elementos que causem maior engajamento dos alunos e dos professores, produzindo resultados melhores na aprendizagem. Outra coisa é como isso vai ficar ao longo do tempo", comenta Alavarse.

Fonte: Ligia Sanchez, Revista Educação Especial Tecnologia
Publicado na Edição de Outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Em blogs e livros, pais se abrem sobre crianças que desafiam padrões de gênero

 

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'Não estou aqui para mudar (meu filho), apenas para amá-lo', diz mãe em blog 'Raising My Rainbow'

Quando CJ tinha dois anos e meio, sua mãe percebeu algo diferente. Ele preferia bonecas Barbie e fantasias de princesas aos tradicionais brinquedos de menino.

A mãe se alarmou e procurou ajuda especializada, mas decidiu não reprimir o comportamento de CJ, nem esconder a preferência do filho.

Ao contrário: levou o tema para a internet, com o blog Raising My Rainbow – Adventures in raising a slightly effeminate, possibly gay, totally fabulous son ("Criando meu arco-íris – As aventuras de criar um filho incrível, levemente afeminado, possivelmente gay").

A mãe, uma californiana que se identifica apenas como "CJ's mom", compartilha com leitores suas dúvidas e descobertas no dia a dia de CJ, uma criança que especialistas chamam de gender non-conforming, ou seja, que não se encaixa em um estereótipo claro de gênero.

O caso de CJ é um entre dezenas de outros pais norte-americanos que, diante de filhos que gostam de brinquedos associados ao gênero oposto ou que desde pequenos se declaram como sendo do sexo oposto, decidiram não esconder o assunto. Têm, em vez disso, vindo a público em livros, blogs e entrevistas, aumentando o debate em torno do assunto nos EUA.

Para esses pais, o objetivo é mostrar que não têm vergonha de sua prole e, sobretudo, tentar promover a tolerância, para proteger seus filhos de preconceito e das agressões físicas e psicológicas comumente sofridas por pessoas com dificuldade em se adequar a padrões claros de gênero.

A jornada dessas famílias costuma ser repleta de angústia, incertezas e questionamentos - inclusive quanto a tratamentos hormonais às vezes indicados para as crianças.

"Queremos apoiar e amar nossos filhos,
não escondê-los e calá-los,
destruir seu espírito"

- Cheryl Kilodavis
Autora de 'My Princess Boy'

 

Transgênero x homossexual

Crianças como CJ são as que definem a si próprias, às vezes em seus primeiros anos de vida, "fora das tradicionais (classificações) de menino ou menina", explica o livro Gender Born, Gender Made, da médica Diane Ehrensaft.

Isso não quer dizer que elas vão se tornar homossexuais. "Gênero e sexo são coisas completamente separadas", explica à BBC Brasil a médica Jennifer Hastings, especialista ligada ao centro americano Gender Spectrum (www.genderspectrum.org). "Se sou um homem transgênero, posso me interessar sexualmente por outro homem, por uma mulher ou por ambos."

Mas como se manifesta essa desconformidade de gênero em crianças?

Alguns casos são semelhantes aos de CJ: uma criança que costuma dar mais interesse aos brinquedos e às atividades relacionadas ao sexo oposto.

Mas há as que vão além e, desde cedo, insistem em que nasceram no corpo errado.

Quanto aos motivos disso, não há consenso entre especialistas, que estudam causas em alterações cerebrais, genéticas ou hormonais.

Uma dessas crianças é Jackie, de 10 anos, nascido Jack em Ohio. Em entrevista recente à rede de TV americana ABC, seus pais contam que, com um ano e meio de idade, ele se recusava a usar roupas de meninos. Uma semana antes de completar dez anos, com lágrimas nos olhos, ele chamou os pais e disse: "Não posso mais viver assim. Sou uma menina".

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'My Princess Boy' foi escrito por mãe que queria promover a aceitação de seu filho

Desde então, a família ajuda Jack em sua transição para Jackie, permitindo que a agora menina use roupas femininas e se apresente assim ao resto da família.

A decisão não foi fácil. Os pais sofreram críticas dentro e fora da própria família, e temem o preconceito que Jackie deve enfrentar no mercado de trabalho e em suas relações pessoais futuras.

Pais consultados pela BBC enfrentam dúvidas semelhantes e dizem que, ao mesmo tempo em que receberam respostas positivas à iniciativa de lançar blogs e livros, também encampam uma luta diária para defender seus filhos e a decisão de se abrir a respeito disso.

Questionada sobre por que decidiu conta sua história na TV, a mãe de Jackie, Jennifer, respondeu à ABC: "Não acredito que nós tenhamos que nos esconder. A qualidade de vida dos transgêneros pode melhorar se soubermos mais a respeito".

 

'Menino princesa'

O pensamento é parecido ao da mãe de CJ, que começou a escrever seu blog Raising My Rainbow para buscar pessoas em situações semelhantes e para advogar por seu filho, prevendo as dificuldades que ele deve enfrentar ao crescer.

"Me preocupo muito com o futuro dele. Quero criar uma pessoa confiante, que possa lutar pelos seus direitos e pelos das outras pessoas", disse a mãe à BBC Brasil.

 


'Criar diálogo para proteger os filhos'

A médica americana Diane Ehrensaft estuda questões de gênero há 25 anos, estimulada por um caso em sua própria família: nos anos 1980, ela foi chamada para uma reunião com os diretores da escola, porque seu filho de três anos e meio não se cansava de dizer que "queria ser uma menina".

"Ali começou uma longa jornada de advogar em defesa de nosso pequeno menino de gênero maleável", escreve Ehrensaft no livro Gender Born, Gender Made.

Ela explica que as crianças com dúvidas semelhantes à de seu filho podem evoluir de formas distintas: “Algumas exploram o gênero oposto e voltam. Outras que expressam desejo temporário de ser do outro sexo podem estar manifestando apenas que são homossexuais. Mas muitas que conheci expressavam claramente que se sentiam (como sendo do gênero oposto)”, diz à BBC Brasil.

No caso de seu filho, Jesse, ela diz que ele cresceu e se tornou "um homossexual bastante satisfeito com seu gênero masculino".

Pais que enfrentem dúvidas semelhantes com seus filhos devem ouvi-los e procurar ajuda se sentirem necessário, opina ela. "Os pais precisam aprender a responder a críticas e a criar diálogo, para aceitar que nem todos entenderão seus filhos e protegê-los mesmo assim."


No blog, ela diz que, ao permitir que CJ se expresse como deseja, está dando a ele "o melhor presente de sua vida: a liberdade de ser quem ele foi feito para ser".

"Não estou aqui para mudá-lo; estou aqui apenas para amá-lo", prossegue.

Nos EUA, o assunto ganha evidência com entrevistas como a de Jackie e sua família, com blogs como o Raising My Rainbow e com o lançamento de livros como My Princess Boy, de Cheryl Kilodavis.

Kilodavis é mais uma mãe que se surpreendeu quando seu filho caçula, Dyson, se interessou por vestidos de princesas. A princípio, ela resistia. "Não, princesas são meninas", dizia ela. Ao que o menino respondeu: "Então, eu sou um menino princesa".

Daí nasceu o livro, criado por Kilodavis como uma espécie de manual para as pessoas que conviviam com Dyson, com um pedido para que não o discriminassem. Ela não sabe se seu filho será uma criança transgênera - até o momento, ele se enxerga como menino -, mas diz que escreveu o livro (a ser lançado internacionalmente em 2012) para promover a aceitação de "qualquer tipo de diferença".

"Queremos apoiar e amar nossos filhos, não escondê-los e calá-los, destruir seu espírito", diz ela à BBC Brasil.

A história recebeu ampla divulgação nos EUA, e Kilodavis tem feito desde então uma série de entrevistas e palestras no país. "Para ser aceito (pelas diferenças), é preciso se expor", justifica.

Para a autora, um dos motivos pelo qual o livro se tornou tão comentado foram casos cada vez mais comuns de suicídio e tentativa de suicídio no país entre pessoas – adultos e crianças – que não se encaixam em definições claras de gênero e comportamento.

"Se você continua dizendo que a criança está errada (em seu comportamento transgênero), ela vai desaparecer em si mesma. E isso é difícil de desfazer", opina Jennifer Hastings.

 

Tratamento hormonal

Há casos em que o interesse por brincadeiras do sexo oposto passa com o tempo; há outros em que esse comportamento pode ter uma causa psicológica que, se investigada com ajuda de especialistas, pode ser identificada e trabalhada, explica o psicólogo brasileiro Rafael Cossi. Cada caso é um caso. E há muitos em que a criança parece estar manifestando, sim, que é transgênero.

No caso de Jackie, isso significou não apenas vestir-se como uma menina, mas também começar a tomar bloqueadores hormonais, que impeçam que seu corpo masculino se desenvolva na puberdade. O passo seguinte será ingerir hormônios femininos. Quando for mais velha, ela pode optar por fazer uma cirurgia de mudança de sexo.

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Ehrensaft estuda questões de gênero, após ter criado filho que enfrentou questionamentos semelhantes (Foto: Divulgação)

A questão está longe de ter consenso entre os médicos, e há uma ala que critica a alteração de hormônios em crianças tão jovens.

A médica Diane Ehrensaft, por sua vez, defende que o procedimento pode ser revertido, se a criança assim desejar.

Em meio a polêmicas e preconceitos, especialistas e famílias consultados pela BBC Brasil afirmam que o tema tem sido tratado mais abertamente - até mesmo no Brasil, onde o aconselhamento a transgêneros é ainda raro em caso de crianças.

"À medida que a sociedade tolera mais os gêneros intangíveis, com suas diferenças, essas pessoas conseguem circular com mais facilidade", diz Rafael Cossi, autor de Corpo em Obra, que trata do transexualismo.

Para Ehrensaft, porém, o crucial continua sendo a aceitação familiar. "As dificuldades (para pessoas transgêneras) ocorrem o tempo todo. Muitas crianças se sentem tristes por não terem nascido com o sexo que queriam e chegam a perguntar 'Por que Deus errou (meu gênero)?'. Mas nada é pior do que a rejeição dos pais. Nesse caso, os resultados são realmente dolorosos."

Fonte: Paula Adamo Idoeta, BBC Brasil em São Paulo
Publicado em 20-10-2011

Inteligência de adolescentes pode aumentar, afirmam cientistas

 

Uma pesquisa publicada na revista especializada Nature afirma que foram encontradas provas de que as habilidades mentais de adolescentes podem mudar, não são estáticas como se pensava antes.

Os cientistas trabalharam com uma pequena amostra, 33 crianças com uma média de idade de 14 anos, analisaram o cérebro destes voluntários e realizaram testes de inteligência, também conhecidos como testes de QI.

Quatro anos depois, os mesmos testes realizados no grupo reveleram que cerca de um quinto dos adolescentes tinha aumentado de forma significativa o QI.

Os exames nos cérebros dos adolescentes também foram refeitos e mostraram aumento de tamanho em partes do cérebro relacionadas à fala e ao movimento das mãos.

O cientista chefe da pesquisa afirmou que o estudo mostrou que é importante não desestimular adolescentes que apresentam baixo desempenho escolar pois eles podem melhorar depois de alguns anos.

Fonte: BBC Brasil
Publicado em 20-10-11

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Google Tradutor ganha suporte a 14 novos idiomas

App para smartphones Android "escuta" uma frase em portugues e pode "falar" ela de volta em Chinês, por exemplo.

A Google anunciou nesta quarta-feira (08/10) que atualizou o seu app Google Tradutor com suporte a "conversação" em 14 novos idiomas. Com isso é possível falar uma frase em português, por exemplo, e fazer o smartphone repetí-la em chinês.

Os novos idiomas são o Português Brasileiro, Tcheco, Holandês, Francês, Alemão, Italiano, Japonês, Coreano, Mandarim (Chinês), Polonês, Russo e Turco, além do Inglês e Espanhol que já estavam disponíveis. É possível corrigir uma frase antes de traduzí-la (para evitar que erros de reconhecimento comprometam o resultado), e adicionar palavras não-reconhecidas a um dicionário personalizado.

Apesar da atualização, a Google avisa que o programa ainda é considerado em estágio "Alpha", e que ruído de fundo e sotaques podem comprometer o desempenho do sistema de reconhecimento de fala. Para que a tradução funcione é necessário que o smartphone tenha uma conexão à internet, seja via Wi-Fi ou 3G.

O Google Tradutor pode ser baixado gratuitamente no Android Market, e funciona com qualquer smartphone com Android 2.2 ou mais recente.

Rafael Rigues, PCWorld Brasil
Publicado em 13-10-2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Ensino a distância alia tecnologia e educação

 

Instituições de Ensino Superior têm oferecido, cada vez mais, possibilidades de cursos com meios tecnológicos.

Alunos da Unifor têm uma estrutura montada para cursos de EaD. A instituição oferece 21 disciplinas de graduação, quatro cursos de extensão, três de pós-graduação e conta com um Núcleo de Educação a Distância que produz ações e atividades.
NATINHO RODRIGUES

Aliar as novas tecnologias ao ensino. Essa é uma maneira eficaz de aprendizagem por meio da educação a distância (EaD) que, além de ser tendência mundial, é também um recurso de incalculável importância para atender um público específico de pessoas que buscam se aperfeiçoar ou até mesmo se graduar, mas não têm condições de se deslocar de uma cidade para outra ou não possuem tempo de assistir às aulas.
Trata-se de uma educação de via dupla, em que professor e aluno utilizam meios para travar uma comunicação que não se resume apenas ao conteúdo programático das disciplinas, mas às interferências através de chats, fóruns de discussão e outras ferramentas. As universidades disponibilizam sistemas próprios que contêm todo o conteúdo das disciplinas e web aulas.
Os cursos contam com um professor tutor presencial e um orientador a distância. O primeiro é encarregado de prestar atendimento pessoalmente e o segundo, no meio virtual. Apesar de ser a distância, o Ministério da Educação (MEC) estabelece a obrigatoriedade de 20% de encontros presenciais. As avaliações estão nesta modalidade.
Instituições de Ensino Superior têm oferecido, cada vez mais, possibilidades de cursos a distância. No Brasil, de acordo com o Censo da Educação Superior do Inep, em 2009, eram 844 cursos de graduação. Foram 838.125 matrículas e 332.469 ingressos nesta modalidade de ensino. O Ceará registrou 6.142 ingressos e 12.719 matrículas, naquele ano.
A Universidade de Fortaleza (Unifor), que implantou o sistema de educação a distância em 1995, oferece 21 disciplinas de graduação, quatro cursos de extensão e três de pós-graduação. A Universidade conta com um Núcleo de Educação a Distância (Nead) que produz ações e atividades em EaD que possibilitam o desenvolvimento de projetos para educação, treinamentos a distância e apoio tecnológico.
A procura é muito grande. São seis mil alunos cursando disciplinas de graduação a distância na Unifor. Muitos desses, de outros Estados. Na pós-graduação, são 14 mil. A pretensão é introduzir cursos de graduação totalmente a distância. Os resultados são comprovados por meio dos índices de aprovação que, conforme o supervisor do Nead, Carlos Batista, são praticamente os mesmos dos cursos presenciais.
A jornalista Raissa Karen Leitinho Sales cursou Metodologia do Trabalho Científico na modalidade EaD na Universidade de Fortaleza. Raissa conta que a experiência foi boa, em primeiro lugar pelo conteúdo. A jornalista também aponta o contato com os ambientes digitais como outra vantagem. Quanto à validação, Raissa explica que não há preocupação dos alunos, porque as universidades que oferecem são reconhecidas pelo Ministério da Educação. "Não há diferença entre os cursos presenciais e os EaDs", comenta.
Para a professora de Direito Ambiental da Unifor Mary Lúcia Andrade Correia, o ensino a distância não tem mais como deixar de existir, porque é uma realidade em que o aluno é muito bem assistido pelo sistema. "Qualquer momento que ele entrar é atendido para tirar dúvidas e socializar os temas".
De acordo com a professora, o mais interessante dos cursos a distância é que as pessoas que têm dificuldades de se expressar nas aulas presenciais se sentem à vontade para colocar as dúvidas no meio virtual. Além disso, mesmo não havendo um contato físico, estabelece-se vínculo. Mary Lúcia destaca, contudo, que a responsabilidade duplica na modalidade EaD. "É o tipo de curso que depende do aluno. Se ele tiver direcionamento consegue levar bem".
Já a Universidade Federal do Ceará (UFC) oferece nove cursos de graduação a distância, desses, dois bacharelados e sete licenciaturas. São 6.400 alunos ativos e uma média de duas mil vagas. Mas há também cursos de especialização, pós-graduação e dois MBA´s corporativos. Os alunos da UFC têm à disposição infraestrutura dos polos de apoio presencial.

 

Público alvo


O coordenador adjunto da Universidade Aberta da UFC, Henrique Pequeno, revela que o público alvo da universidade são pessoas em situação financeira difícil que não têm condições de se deslocar. "Elas não se sentem atendidas pela oferta regular da universidade". Segundo o professor, os resultados são claros no ingresso dos alunos ao mercado de trabalho e em concursos. "Mesmo sendo cursos pautados na tecnologia, a coisa é feita com a preocupação na usualidade. O profissional já sai afeito ao mundo virtual, com proatividade e autonomia".
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) teve o seu primeiro programa de EaD em 1996 com a oferta do Programa Especial de Formação Pedagógica, dirigido para bacharéis que já exerciam atividades de magistério. Hoje, são oito cursos de graduação, três especializações e um mestrado, com polos em 11 cidades. A proposta é ampliar a oferta dos cursos de graduação e pós-graduação.

 

Ead em números


6.142 pessoas ingressaram em cursos de educação a distância de graduação no Ceará, em 2009. Com relação às matrículas, foram 12.719, segundo o Censo da Educação Superior do Inep.
844 Cursos de EaD eram oferecidos por instituições de Ensino Superior no Brasil, em 2009. Neste ano, foram 838.125 matrículas e 332.469 ingressos nesta modalidade de ensino.

 

Orientações


A universidade deve estar formalmente autorizada pelo MEC no caso de cursos superiores
Consultar, no sistema de busca do MEC, os pontos de atendimento aos estudantes (polos) que sejam regulares: www.siead.mec.gov.br
Verificar no MEC a instituição responsável, sua idoneidade e reputação, bem como dos coordenadores e professores do curso.
Consultar estudantes da universidade para averiguar se há algum problema na oferta dos cursos.
Visite o polo de apoio presencial onde você participará das atividades presenciais obrigatórias, veja se o ambiente é apropriado, se possui biblioteca e laboratórios (se o curso exigir).
Solicite informações sobre a estrutura de apoio oferecida aos alunos (suporte técnico, apoio pedagógico, orientação acadêmica, etc).
Para o caso de cursos que conferem titulação, solicite cópia ou referência do instrumento legal (credenciamento da instituição e autorização do MEC) no qual se baseia sua regularidade.

 

SEM INOVAÇÃO

Especialistas em educação apontam falhas no EaD


Para o mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, o ensino a distância não vai bem no Brasil. "O índice de evasão é altíssimo, chegando a 70%", argumenta. Além disso, o professor ressalta que o currículo é pré-estabelecido, e não inovador. "O EaD não inova só porque usa tecnologia. A modalidade não criou novas formas de aprender. O aluno não participa da escolha do conteúdo", opina.
Outro problema apontado por Ribeiro é que 70% dos cursos ofertados são em licenciatura. "Com isso, a formação fica voltada para professor. E os bacharelados, que são mais procurados, não são oferecidos?", questiona. Ele acrescenta que, para que os cursos funcionem bem, o aluno precisa ter autonomia, ser autodidata e ter espírito de pesquisa capaz de investigar, o que nem sempre acontece, daí o altíssimo índice de desistência. Para o especialista, o ensino a distância precisa ser repensado, mas tem a possibilidade de evoluir para algo bem-sucedido. "A ressalva que faço é que o EaD elimina o professor do processo. Precisamos de conteúdos menos decorativos e com mais reflexão", explica.
O coordenador do Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Hermínio Borges Neto, endossa as palavras de Ribeiro. Para ele, o ensino a distância tem as mesmas falhas do telensino implantado em 1974 no Ceará: a utilização do conteúdo tradicional e a abolição da figura do professor, que é substituído pelo orientador de aprendizagem. Segundo o coordenador, falta metodologia e a incorporação dos cursos à tecnologia. "O material usado é puramente analógico. Não se procura agregar vídeos, nem softwares e nem imagens". Fora isso, ele pontua que não são levantadas questões novas. Mas o coordenador destaca que o EaD tem como evoluir. "Temos exemplos que deram certo".

Fonte: Lina Moscoso, Diário do Nordeste
Publicado em 09-10-2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Qualidade dos cursos e-Learning

 

1. Sumário Executivo

O objetivo desta pesquisa foi identificar as principais exigências das organizações com relação à qualidade dos cursos desenvolvidos por fornecedores nacionais de conteúdo e-Learning. Foi realizado um levantamento quantitativo no mês de setembro de 2011 através do portal Learning & Performance Brasil.

Na fase inicial, a pesquisa buscou saber qual a opinião dos profissionais com relação à qualidade dos cursos desenvolvidos no formato e-Learning por empresas nacionais especialistas no assunto e o que poderia ser melhorado.

O resultado mostra que 57% dos participantes acham boa a qualidade dos cursos no formato e-Learning, enquanto 22% consideram regular e 16% consideram ótima. Quando questionados sobre o que poderia ser melhorado, 52% dos pesquisados indicaram os aspectos didáticos (recursos motivacionais, carga informacional, etc.). A opção "Maior utilização de recursos multimídia foi apontada por 20%, enquanto as características da interface (meios disponíveis para conduzir o usuário, conservação da interface em diferentes contextos, help online, etc.) foram apontadas por 18% dos profissionais.

As organizações foram questionadas sobre qual seria o comportamento delas caso um fornecedor de e-Learning falasse que a utilização de recursos de multimídia é dispensável e opcional.

A maioria dos profissionais, 87%, não concordaria. Acreditam que, apesar de o investimento ser maior, os melhores cursos de e-Learning empregam uma variedade de recursos de multimídia, exercícios e simulações interativas. Dentre os que concordariam com a afirmação, 8% alegam que é possível ter ótimos cursos mesmo utilizando pouquíssimos recursos multimídia. Outros 5% acreditam que, além do alto investimento, esses cursos demandam um tempo muito maior para produção.

A pesquisa revelou que 59% das organizações dão muita importância ao trabalho do endomarketing e acompanhamento à implantação do treinamento via e-Learning, enquanto 33% consideram de média importância e apenas 8% opinaram ser de pouca importância.

Nesta fase, o objetivo foi identificar qual o maior inibidor para a transformação de um curso presencial em e-Learning.

A pesquisa mostrou que o orçamento é o maior inibidor na hora da contratação do recurso (56%). Atualmente, o segundo maior inibidor é o planejamento instrucional com o cliente, com 29%. O tempo de implementação vem em seguida, com 15%.

79% consideram necessário contratar uma empresa especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de sua autoria. Apenas 21% acham desnecessário.

Foi constatado que a preocupação das organizações está mais concentrada na qualidade do conteúdo, já que 72% preferem investir no desenvolvimento de conteúdo, enquanto 28% preferem um LMS de ótima qualidade.

2. Resultados

2.1 Qualidade dos cursos no formato e-Learning

- 57% dos participantes acham boa a qualidade dos cursos no formato e-Learning
- 22% consideram regular;
- 16% consideram ótima.

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2.2 Melhorias nos cursos e-Learning

- 52% dos pesquisados indicaram os aspectos didáticos (recursos motivacionais, carga informacional, etc.);
- A opção "Maior utilização de recursos multimídia" recebeu 20%;
- As características da interface (meios disponíveis para conduzir o usuário, conservação da interface em diferentes contextos, help on-line, etc.) foram apontadas por 18% dos profissionais.

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2.3 Os recursos de multimídia são dispensáveis e opcionais?

- Para 87% os recursos multimídia são indispensáveis;
- 8% acreditam na possibilidade de conseguirem bons cursos com poucos recursos multimídia. Confira o gráfico detalhado:

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2.4 A importância do endomarketing e acompanhamento à implantação do treinamento via e-Learning

- 59% das organizações dão muita importância ao trabalho do endomarketing;
- 33% consideram de média importância;
- Apenas 8% opinaram ser de pouca importância.

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2.5 Maior inibidor para transformar um curso presencial em e-Learning

- O orçamento vem em seguida, com 56%;
- O maior inibidor é o planejamento instrucional com o cliente, com 29%;
- O tempo de implantação foi apontado por 15%.

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2.6 Equipe especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de autoria

- 79% consideram necessário contratar uma empresa especializada para desenvolver cursos on-line através de softwares de sua autoria;
- Apenas 21% acham desnecessário.

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2.7 Maior investimento em LMS ou em desenvolvimento de conteúdo?

- 72% preferem investir em desenvolvimento de conteúdo;
- 28% preferem um LMS de ótima qualidade.

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Divulgado em 06-10-2011

A nova era da comunicação unificada – Telepresença

 

Conhecendo a Telepresença

O termo refere-se a uma solução de comunicação de vídeo em alta definição, onde os elementos sonoros, visuais e físicos de um ambiente de reunião são projetados para criar uma experiência Imersiva. A sensação efetiva da Telepresença Imersiva ocorre quando as salas conectadas são idênticas ou quase idênticas em móveis, decoração e equipamentos eletrônicos para garantir a percepção real aos participantes da conexão.

O objetivo da Telepresença é permitir que as pessoas em diferentes locais se comuniquem frente a frente como se estivessem no mesmo ambiente. Trata-se de uma experiência ímpar, com qualidade de comunicação impressionante até mesmo para as pessoas que já estão familiarizadas com a tradicional videoconferência.

 

A nova era da videoconferência: Telepresença

A Telepresença é uma forma de videoconferência, que abrange diversos cuidados como, iluminação, áudio, posicionamento da câmera até a disposição de participantes no ambiente. Esta nova forma veio para eliminar os problemas
existentes com a tradicional videoconferência, frequentemente usuários queixavam-se de não conseguir ouvir bem as pessoas ou vê-las. Porém essas dificuldades muitas vezes eram geradas não pelo equipamento de videoconferência ou rede, mas devido a má iluminação do ambiente, layout da sala e detalhes que repercutem diretamente na qualidade da comunicação de vídeo.

Comparativamente a Telepresença oferece mais qualidade por se tratar de uma solução completa, e é muito recomendada para empresas onde a videoconferência tornou-se uma ferramenta competitiva para execução dos negócios.

 

Como viabilizar um projeto de Telepresença

O investimento para adquirir as soluções de Telepresença é superior a videoconferência e as empresas encontram dificuldades para aprovar o valor total do projeto. Uma alternativa que viabiliza a utilização desta tecnologia é adquirir a solução através do modelo outsourcing, que possibilita a empresa diluir o custo da ferramenta em pagamentos mensais, facilitando a inclusão no budget.

Além do benefício sobre o custo, ao optar pelo modelo de serviço a empresa terá a vantagem contar com equipamentos de alta tecnologia, sem se preocupar com a defasagem tecnológica, já que os mesmos podem ser trocados na renovação do contrato, e toda manutenção é realizada pelo
fornecedor, eliminando assim, o acúmulo de tarefas para equipe de TI.

Outro fator decisivo no processo de aprovação, é o impacto imediato na redução de custos operacionais (principalmente viagens). Dependendo do caso essa redução pode ser tão significativa que pode pagar as parcelas mensais do
serviço.

 

Telepresença oferece excelente qualidade em uma fantástica experiência, impressionando os usuários... Mas?

O nível de qualidade atingido pela Telepresença exige alguns fatores para ser implementado assim como qualquer outra nova geração de tecnologia. Os obstáculos que algumas organizações podem enfrentar são:

  1. Interoperabilidade: muitas empresas já têm feito investimentos significativos em equipamentos de “videoconferência tradicional” e alguns produtores das soluções não oferecem interoperabilidade nos equipamentos, implicando em falta de zcomunicação entre a nova solução de Telepresença com os equipamentos antigos.
  2. Tamanho da Banda: para se realizar uma conexão com qualidade HD é necessária que a empresa disponibilize link full de no mínimo 512 kbps em cada localidade participante da conferência.
  3. Investimento: as salas de Telepresença são concebidas e integradas de forma a proporcionar uma experiência de alta qualidade. Toda esta infraestrutura implica em investimentos maiores das empresas que aderem a nova tecnologia.
  4. Recursos: para gerenciar a solução de Telepresença é
    necessária uma qualificação técnica superior, que a maioria das organizações não possui ou não estão dispostas a dedicar esforço.
    Para atender a demanda se recursos desta nova solução tecnológica é oferecido o serviço de suporte denominado VNOC.

Os quatro fatores para avaliar corretamente os prestadores de servicos VNOC

O VNOC ¡§Video Network Operating Center¡¨ e um conjunto de servicos personalizados especificamente para atender as necessidades unicas das salas de Telepresenca. Esses servicos VNOC sao criticos para a experiencia de Telepresenca por que:

  • A experiencia completa de Telepresenca deve sempre satisfazer os usuarios finais sob as mais exigentes condicoes.
  • A aprovacao do investimento e sua produtividade estao diretamente relacionados a experiencia diaria da solucao.
  • Os beneficios das solucoes de Telepresenca somente podem ser realizados plenamente se contarem com o expertise do Telepresence VNOC Service Provider.
  • O servico e apoio correto podem fazer o link entre a Telepresenca e videoconferencia sem dificuldades.

O prestador do servico VNOC nao ira apenas instalar a sala e
equipamentos. Ele tera de preencher os requisitos abaixo para estar capacitado a oferecer este tipo de servico especializado.

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O que esperar dos prestadores de serviço VNOC

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Monitoramento Pró-Ativo: O monitoramento 24/365 pró-ativo do equipamento de videoconferência e conexões deve ocorrer para garantir o equipamento funcional minuto a minuto. A combinação avançada da tecnologia de infraestrutura deve estar em todos os momentos e procedimentos em vigor.

Programação & Gestão: Um número totalmente livre, serviço convergente e uma ferramenta web de programação do portal para a comunidade de usuários que deve ser inclusa.

Lançar & Acompanhar: Pode ser manuseado por quem gerencia as chamadas e faz as conexões entre todas as salas de Telepresença em reuniões, tanto ponto a ponto quanto multiponto. O VNOC deve ser capaz de monitorar os
níveis de conectividade digital durante as sessões e assegurar a experiência de alta qualidade para cada uma das salas participantes.

Suporte Help Desk: Os usuários devem ter um único ponto técnico para as soluções de Telepresença que garanta a alta qualidade durante a experiência, sem interrupções nas chamadas. Seu fornecedor deve ser capaz de interagir e
coordenar com fornecedores de hardware, redes e integradores para reparar ou substituir quaisquer peças, danos na rede, ou resolver problemas de integração entre salas.

Relatório de Desempenho: Fornecer métricas-chaves em uma base mensal para identificar as áreas de sucesso, bem como áreas que necessitam de melhoria. O relatório deverá incluir a sala de Telepresença, a rede e os níveis de serviço de apoio e ser detalhado nos níveis de serviço da sala, disponibilidade, número de conferências realizadas, total de horas utilizadas, a média de tempo para responder e corrigir quaisquer problemas técnicos, juntamente com a causa raiz da analise e plano de ação corretivo, quando aplicável.

Treinamento: Necessário para garantir a correta utilização e adoção do sistema de Telepresença. Esse treinamento não é só importante para que os usuários se sintam confortáveis usando a tecnologia, mas também para entender o valor que a tecnologia traz as atividades comerciais do dia-a-dia. Usando o sistema de Telepresença para ajudar na melhoria da comunicação, produtividade e ter acesso aos especialistas no assunto, quando estes forem necessários.

Interoperabilidade: Para garantir que os sistemas de Telepresença podem se conectar com outras salas e empresas fora da rede privada. Certifique-se que o prestador de serviço VNOC tem experiência em avaliação, testes de comunicação com equipamentos de vídeo, confiabilidade, interoperabilidade entre fabricantes e acesso ao intercâmbio de serviços de comunicação com os ambientes públicos e privados de forma segura.

 

Considerações Finais

O futuro da Telepresença parece promissor, principalmente quanto se olha para questões ambientais (redução de emissões de CO₂) e econômicas (a tecnologia como serviço mensal) que exigem a busca por formas mais eficazes de comunicação, de como ser mais criativo e produtivo. A Telepresença está se aproximando deste perfil na aplicação do mix de comunicação.

Como acontece com qualquer ferramenta de comunicação a Telepresença é melhor suportada quando há um experiente prestador de serviços gerenciando toda a complexidade da solução e disponibilizando a utilização simples aos usuários no dia-a-dia.

Estamos indo em direção a uma sociedade visual que é infinita. Seja através da comunicação entre os executivos de negócios do outro lado do mundo em tarefas importantes, como dos cirurgiões fornecendo orientação para uma sala de cirurgia em outro país, ou aumentando recursos mais talentosos e especializados nas fronteiras para interagir com seus mais valiosos clientes, a nova era das comunicações está aqui e já não é apenas “agradável para ter”. A decisão final e mais importante é escolher a solução certa para suas necessidades globais e o parceiro de serviço preparado que
garanta o funcionamento adequado desta ferramenta.

 

Fonte: White Paper – NETGLOBE, em NBusiness/NowDigital
Divulgado em 06-10-2011

Novas construções

 

A democratização do acesso às tecnologias estimula o debate sobre o letramento digital e obriga escola e professor a repensarem seus papéis.
capa-abre-web1A professora entra na sala de aula com o objetivo de trabalhar uma proposta de letramento a partir do uso de tecnologia com seus alunos, todos na faixa dos seis anos. A reação de um deles é imediata: “já sei o alfabeto! É asdfghjkl…”. A resposta descreve a sequência de letras do teclado – e não a conhecida sequência alfabética ensinada nas escolas. A cena, que aconteceu em uma escola de periferia de Piracicaba, no interior de São Paulo, será descrita com mais detalhes em livro a ser lançado pela linguista Roxane Rojo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda neste ano.

Ao evidenciar uma mudança no desenho da sequência alfabética, a história traz à tona um debate recente: a influência da tecnologia nos chamados processos de letramento. Com a democratização do acesso às denominadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a apropriação da linguagem digital provoca situações inusitadas e fenômenos que têm despertado o interesse de inúmeros pesquisadores e profissionais da educação. Tablets, web 2.0, redes sociais, blogs, Wikipédia e Google são apenas alguns exemplos dos recursos que prometem mudar as configurações atuais do meio educacional. Mas, para além das promessas, é preciso entender as mudanças causadas pela tecnologia em sala de aula – principalmente no que diz respeito ao processo de apropriação das práticas de leitura e de escrita.

É preciso, antes de entrar na discussão do letramento digital, retomar o próprio conceito de letramento. A expressão é nova e deriva de outro neologismo, que começou a surgir ainda nos anos 80 para designar práticas mais avançadas que a codificação e a decodificação do código escrito. Como explica a linguista Magda Becker Soares, do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), letrar é mais que alfabetizar. “É ensinar a ler e escrever dentro de um contexto no qual a leitura e a escrita tenham sentido social e façam parte da vida das pessoas”, diz.  O termo “letramento” apareceu pela primeira vez na língua inglesa no final do século 19 (“literacy”). Em meados dos anos 80, ao mesmo tempo, os franceses cunhavam o “illetrisme”, Portugal, a “literacia”, enquanto o Brasil “inventava” o letramento.

Brian Street, professor no King`s College da Universidade de Londres, defende que não há um único letramento, formal e acadêmico, mas uma experimentação que é tão distinta quanto as cores do tecido social. São letramentos múltiplos, híbridos de letramentos locais e globais. Escolares ou não, são práticas inscritas em certos modos de vida, culturas, valores e ideologias – e é exatamente desse repertório que a escola é convidada a participar. Nesse sentido, Roxane Rojo afirma que letramentos, no plural, seria um termo adequado para designar um conjunto diversificado de práticas sociais situadas que envolvem a escrita e outras modalidades de linguagem. Dentre os diversos tipos de letramento teríamos, então, o que diversos autores passaram a denominar de letramento digital.

Implicações
O letramento digital é um pedaço do letramento. Não se pode conceber um sem o outro”, lembra Carla Coscarelli, também do Ceale. Em outras palavras: se o aluno deve ser capaz de usar a língua escrita na vida em sociedade, a tecnologia entra como um dos aspectos a serem ensinados e

contextualizados na escola. Para Débora Duran, pesquisadora do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Ciar) e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), letramento digital é o “processo de configuração de indivíduos ou grupos que se apropriam da linguagem digital nas práticas sociais relacionadas direta ou indiretamente à leitura e à escrita mediadas pelas TICs”.

Em seu livro Letramento digital e desenvolvimento: das afirmações às interrogações, a autora explica que o processo de apropriação das TICs pode ser entendido como uma estrutura complexa que envolve os recursos tecnológicos, a subjetividade e as características dos contextos nos quais se dão as inúmeras práticas sociais de utilização das ferramentas. Com base nos estudos dos psicólogos Lev Vigotski e Alexei Leontiev, ela defende que é necessário deixar de lado a postura determinista diante dos supostos “impactos digitais”. “Isso porque os processos de transformação e desenvolvimento decorrentes da mediatização tecnológica dependem, necessariamente, das mediações humanas. O que mais importa não é o que as tecnologias fazem conosco, mas o que podemos fazer (ou não) com elas”, explica.

a0851_webAluno escreve em lousa digital: abandono da letra cursiva não é consenso entre especialistas

Papeis repensados
Se, por um lado, há escolas que, cada vez mais, recebem alunos que conhecem a língua escrita através do contato com o meio tecnológico, ainda há um contingente significativo de estudantes com acesso limitado a computador e internet. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil com 500 escolas públicas de todas as regiões do país apontou que há 23 computadores instalados em cada uma delas para um universo médio de 800 alunos. O panorama brasileiro faz com que o letramento digital aconteça em dois âmbitos. Primeiramente, é preciso ensinar as crianças a trabalhar com as especificidades do mundo digital. Exemplos: usar mecanismos de busca, formatar um texto, redigir um e-mail. “Não é só ter aula de computação, mas promover o trânsito na web de modo crítico, fazendo o sujeito perceber em que pode ou não confiar”, alerta Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP (Feusp).

O mundo digital também pode aproximar a escola de tipos de linguagens diferentes, que permitem que o aluno assuma certa responsabilidade em seu processo de aprendizagem. A produção de vídeos e áudios, por exemplo, coloca o estudante como produtor de conteúdo, e não só como receptor. “A tecnologia é hipermídia e multimídia. Ao mesmo tempo que tenho escrita, a imagem está presente, tenho vídeo, áudio e tudo isso é próximo da criança, que já vem habituada pela televisão. É uma aproximação mais natural e multimodal”, diz Roxane Rojo, uma das grandes entusiastas do letramento digital.

Da mesma maneira, as interações por meio de redes sociais mostram que os atuais suportes tecnológicos são centrados na escrita e favorecem a imersão na prática letrada. “Querem desmerecer o Orkut com erro ortográfico, mas as pessoas estão escrevendo e antes não escreviam. Essa intensificação de acesso à escrita, essa democratização foi muito grande”, sublinha Roxane. Se a escrita no universo do livro enfrenta limitações, de certa maneira, democratiza-se em ambiente digital.

Processos cognitivos
As novas tecnologias acabam dando novos moldes aos próprios processos de alfabetização e letramento. A começar pela história descrita no início desta repo
rtagem – a incorporação da sequência alfabética do teclado. “O abandono da sequência alfabética não seria um exemplo forte sobre as mudanças cognitivas. Não se trata de uma transformação no funcionamento psicológico, mas de uma alteração em uma  convenção”, opina Débora. Para a pesquisadora, o relato se configura como indicativo “da ponta de um iceberg”.

O caso mais recente de impacto efetivo da tecnologia nos processos de letramento aconteceu nos EUA, onde 46 estados recomendaram que suas escolas abandonassem o ensino da letra cursiva. A ideia é alfabetizar as crianças com o teclado do computador. A importância da letra cursiva, fortemente associada à cultura manuscrita, começa, então, a ser questionada. Em reportagem publicada na edição 173 de Educação, Elvira de Souza Lima lembra que o abandono da cursiva pode ter impactos no desenvolvimento da criança.

No teclado, a letra já está dada, o que dificulta a formação de memória. Além disso, escrever à mão envolve movimento, requer maior atenção e guarda relação com a questão da identidade e da autoria. “Quando está aprendendo a escrever, a criança entende que está desenhando. A função simbólica desenvolvida pela escrita é decorrente de um processo de desenvolvimento do movimento que terá implicações inclusive em outros aspectos”, explica. Para Débora Duran, há outro problema: as convenções sociais ainda não permitem o abandono da cursiva sem prejuízo. “Um exemplo: escrever uma redação num vestibular ou num concurso público. Não sei se o teclado precisa, necessariamente, substituir a cursiva”, diz. Carla Coscarelli, do Ceale, concorda: “não vejo por que o aluno não pode aprender com o teclado, mas o interessante é que ele tenha acesso às duas coisas”.

Protagonismo
Uma pesquisa realizada em 2010 na Grã-Bretanha levanta uma questão importante sobre a democratização do acesso às TICs nas escolas: a possibilidade de perda das habilidades de leitura na era pós-tecnologia.  Entre as edições de 2006 e 2009 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o país caiu oito posições no ranking de leitura, saindo do 17º para o 25º lugar. A partir do resultado, a National Literacy Trust resolveu investigar o que motivou a queda no desempenho. A pesquisa, que ouviu 18 mil crianças e jovens entre 8 e 17 anos, descobriu que entre os adolescentes de 14 e 16 anos, as chances de que se leia um livro em detrimento do uso do computador é 10 vezes menor do que entre os mais novos.

Entre os materiais lidos fora da sala de aula, os mais mencionados pelos participantes foram: mensagens de textos (60%), revistas (58%), e-mails (50%) e websites (49%).  Livros de ficção foram citados por 45,6% deles, enquanto a porcentagem para aqueles que leem não ficção foi de 35,2%. Em entrevista à imprensa após o lançamento da pesquisa, Jonathan Douglas, diretor da entidade, afirmou que o estudo toca em possíveis problemas de letramento. “A nossa preocupação é que essas crianças podem se tornar adultos que tenham a habilidade de leitura de uma criança de 11 anos”, disse. Nesse sentido, a análise do autor norte-americano Nicholas Carr sobre os efeitos da internet no cérebro se torna significativa. Segundo Carr, a web pode estar provocando alterações em partes do cérebro relacionadas com a inteligência, o que provocaria a perda da capacidade de estabelecer raciocínios mais elaborados e de fazer leituras que demandam mais tempo.

Muitos afirmam que as pessoas estão lendo e escrevendo mais em função do acesso à tecnologia. No entanto, mais é sinônimo de melhor? Quais são as práticas de leitura que garantem a formação de um leitor crítico e reflexivo?”, questiona Débora. Nesse sentido, ela insiste que o papel da escola deve ir além da perspectiva da instrumentalização. “Ela pode ser um espaço privilegiado para as práticas de letramento digital. Isso não significa somente utilizar os computadores nos laboratórios de informática ou nas salas de aula para fins pedagógicos”, explica. A questão do letramento digital se coloca de maneira mais complexa, já que as práticas sociais de uso de computadores não se limitam à sala de aula. O desafio da escola, para a educadora, não é ensinar apenas o know-how (saber como) mas também o know why (saber por quê). “A inclusão digital está atrelada à formação de sujeitos críticos que sejam capazes de compreender as implicações sociais, éticas, econômicas e políticas do avanço tecnológico”. Por essa razão, ela acredita que o letramento digital se configura como um desafio interdisciplinar.

MOR1390_webEscola deve atuar para além da perspectiva da instrumentalização das novas tecnologias

Velhos gargalos
Para que o sistema educativo propicie tais encaminhamentos, a escola precisa repensar sua própria capacidade (e, em alguns casos, disposição) de se adequar ao novo cenário. A pressão para que os docentes obrigatoriamente ensinem as disciplinas e seus conteúdos programados, associada à pouca flexibilidade de horários, pode impedir a abertura nesse sentido. “O tempo deve ser repensado. Assim, seria possível trabalhar, por exemplo, com projetos de busca de informações, de construção de sites, que extrapolem as disciplinas propriamente ditas”, explica Carla Coscarelli.

Diferentes especialistas também argumentam em defesa de sistemas mistos e integrados, que podem oferecer ao aluno atividades presenciais e a distância, tanto no ensino fundamental como no médio. Assim, a tradicional aula expositiva, antes centrada na repetição de conteúdos de forma linear, pode abrir espaço para modelos mais colaborativos e fragmentados. A reboque dessa nova lógica, o mundo da educação começa a se confrontar senão com uma nova hierarquia, certamente com um redesenho das relações dentro e fora da sala de aula. A questão traz muitos nós. Um deles remete a um velho problema educacional: a necessidade de repensar os cursos de formação de professores – seja para responder à avalanche de novos processos tecnológicos, seja para dar respostas à própria mudança na relação professor-aluno.

Com a perda do monopólio na transmissão do conhecimento, a escola divide responsabilidades com toda uma comunidade de aprendizagem – estudantes, professores e pais. E ao lado dessa nova hierarquia, a instituição se confronta com a redefinição da didática, agora diante de diversos meios para a construção do saber e da crescente importância conquistada pela transdisciplinaridade. Como preparar o professor para trabalhar no ambiente multimídia? E os projetos pedagógicos apoiados na metodologia expositiva, que mudanças terão de incorporar para encontrar sentido no mundo de bits e bytes?

Assim como o professor se vê diante de um novo fazer pedagógico, o papel do estudante também muda. No modelo contemporâneo, autonomia é palavra-chave e tem papel central na proposta pedagógica. Na intenção de conceituar e entender o conjunto de transformações de fôlego que batem à porta da instituição escola, alguns autores, como Howard Gardner, começam a se valer da expressão Ecologia da Aprendizagem.  Ainda que o conceito esteja em construção, a ideia é que o amplo acesso a conhecimentos e informações, aliado ao ritmo acelerado das comunicações digitais, pode criar novas potencialidades individuais e coletivas para a construção do conhecimento.

Tecnologia e caráter
Em meio a tantas mudanças trazidas pelo repertório digital, uma começa a chamar a atenção: a ideia de que a tecnologia pode ajudar a moldar o caráter dos jovens. A novidade vem de Howard Gardner, psicólogo cognitivo, e de sua mais recente pesquisa, o GoodPlay Project, que ele conduz ao lado dos pesquisadores de Harvard. O projeto quer investigar o comportamento ético de jovens e adolescentes em ambiente digital, incluindo redes sociais, blogs, jogos on-line e até o uso de ferramentas como a Wikipédia. A proposta é entender como os jovens conceituam sua participação no universo virtual e as considerações éticas que orientam sua conduta.A pesquisa tem caráter essencialmente qualitativo e adota como metodologia entrevistas em profundidade. Alguns temas ganham relevo na investigação, seja por sua importância na era digital, seja por sua evidente implicação ética. São questões como identidade, propriedade, privacidade, autoria e credibilidade.Na etapa atual, que compreende a faixa de 10 a 14 anos, o estudo também se debruça sobre a influência do adulto na vida dos jovens e busca um olhar especial para o uso politicamente correto da tecnologia. Aqui, a regra é concentrar o foco nos que associam letramento digital e cidadania, fazendo do universo multimídia um terreno de boas práticas. Na primeira fase, o projeto trabalhou com um corte de 15 a 25 anos, usuários de jogos on-line, páginas de redes sociais e outras comunidades digitais.

O que diz o “internetês”
Em e-mails, nas páginas do Facebook e em outras tantas redes sociais o “internetês” é empregado como marca que territorializa, definindo os contornos da linguagem ressignificada em versão digital. As regras buscam a agilidade tão própria dos ambientes e da linguagem digital. Envolvem, por exemplo, a pontuação minimalista e um variado repertório de siglas e abreviaturas.O emprego do K economiza o traçado, preserva o fonema e assegura a compreensão do interlocutor. Aqui é aki e aquilo, na mesma regra, vira akilo, assim como quem é simplesmente kem. A síntese é sempre presente, pela própria agilidade que é marca registrada das tecnologias – você vira vc, não acaba em naum e também vira tb, apenas para ilustrar com os exemplos mais corriqueiros. E por falar em síntese, mensagens de e-­mails e de celular usam e abusam de saudações, que não são mais beijos ou abraços, mas bjs e abçs. O simples ato de agradecer também pode ser expresso em três letras – bgd – muito mais prático e funcional que o convencional obrigado. E se o letramento se reconfigura em ambiente digital, vem agora acompanhado de desenhos simbólicos (emoticons), estruturas frasais pouco convencionais e de uma escrita que muitos julgam semialfabética.É simplificação e empobrecimento da língua? Como, afinal, compreender esse fenômeno? “Não é língua, nem linguagem. É como uma ‘reforma ortográfica’ para um uso específico. E vem essencialmente com três funções: agilizar a digitação, se livrar da acentuação – simplificando a parte motora da escrita atual – e, finalmente, definir círculos sociais ou comunidades dentro da rede”, explica Roxane Rojo, da Unicamp.Mas é inegável que muitos professores reagem e ficam incomodados diante dessa mudança nas formas de escrita. Há educadores que transitam com desenvoltura e são grandes entusiastas do repertório digital, enquanto outros tantos temem o fim do livro e difundem os perigos da tecnologia.O debate remete aos conceitos de “apocalíptico” e “integrados”, instituídos pelo linguista italiano Umberto Eco em seu livro Apocalípticos e integrados, publicado na década de 70. Em plena discussão sobre a cultura de massa, Eco definiu como “apocalípticos” aqueles para os quais a cultura de massa significaria a ruína dos “altos valores” artísticos. O “integrado”, por sua vez, convidaria o leitor à passividade ao aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa. Diante de toda inovação, parece que se repete, na escola, justamente esse comportamento dicotômico de adesão ou repulsa.

 


Tecnologia e caráter
Em meio a tantas mudanças trazidas pelo repertório digital, uma começa a chamar a atenção: a ideia de que a tecnologia pode ajudar a moldar o caráter dos jovens. A novidade vem de Howard Gardner, psicólogo cognitivo, e de sua mais recente pesquisa, o GoodPlay Project, que ele conduz ao lado dos pesquisadores de Harvard. O projeto quer investigar o comportamento ético de jovens e adolescentes em ambiente digital, incluindo redes sociais, blogs, jogos on-line e até o uso de ferramentas como a Wikipédia. A proposta é entender como os jovens conceituam sua participação no universo virtual e as considerações éticas que orientam sua conduta.A pesquisa tem caráter essencialmente qualitativo e adota como metodologia entrevistas em profundidade. Alguns temas ganham relevo na investigação, seja por sua importância na era digital, seja por sua evidente implicação ética. São questões como identidade, propriedade, privacidade, autoria e credibilidade.Na etapa atual, que compreende a faixa de 10 a 14 anos, o estudo também se debruça sobre a influência do adulto na vida dos jovens e busca um olhar especial para o uso politicamente correto da tecnologia. Aqui, a regra é concentrar o foco nos que associam letramento digital e cidadania, fazendo do universo multimídia um terreno de boas práticas. Na primeira fase, o projeto trabalhou com um corte de 15 a 25 anos, usuários de jogos on-line, páginas de redes sociais e outras comunidades digitais.

O que diz o “internetês”
Em e-mails, nas páginas do Facebook e em outras tantas redes sociais o “internetês” é empregado como marca que territorializa, definindo os contornos da linguagem ressignificada em versão digital. As regras buscam a agilidade tão própria dos ambientes e da linguagem digital. Envolvem, por exemplo, a pontuação minimalista e um variado repertório de siglas e abreviaturas.O emprego do K economiza o traçado, preserva o fonema e assegura a compreensão do interlocutor. Aqui é aki e aquilo, na mesma regra, vira akilo, assim como quem é simplesmente kem. A síntese é sempre presente, pela própria agilidade que é marca registrada das tecnologias – você vira vc, não acaba em naum e também vira tb, apenas para ilustrar com os exemplos mais corriqueiros. E por falar em síntese, mensagens de e-­mails e de celular usam e abusam de saudações, que não são mais beijos ou abraços, mas bjs e abçs. O simples ato de agradecer também pode ser expresso em três letras – bgd – muito mais prático e funcional que o convencional obrigado. E se o letramento se reconfigura em ambiente digital, vem agora acompanhado de desenhos simbólicos (emoticons), estruturas frasais pouco convencionais e de uma escrita que muitos julgam semialfabética.É simplificação e empobrecimento da língua? Como, afinal, compreender esse fenômeno? “Não é língua, nem linguagem. É como uma ‘reforma ortográfica’ para um uso específico. E vem essencialmente com três funções: agilizar a digitação, se livrar da acentuação – simplificando a parte motora da escrita atual – e, finalmente, definir círculos sociais ou comunidades dentro da rede”, explica Roxane Rojo, da Unicamp.Mas é inegável que muitos professores reagem e ficam incomodados diante dessa mudança nas formas de escrita. Há educadores que transitam com desenvoltura e são grandes entusiastas do repertório digital, enquanto outros tantos temem o fim do livro e difundem os perigos da tecnologia.O debate remete aos conceitos de “apocalíptico” e “integrados”, instituídos pelo linguista italiano Umberto Eco em seu livro Apocalípticos e integrados, publicado na década de 70. Em plena discussão sobre a cultura de massa, Eco definiu como “apocalípticos” aqueles para os quais a cultura de massa significaria a ruína dos “altos valores” artísticos. O “integrado”, por sua vez, convidaria o leitor à passividade ao aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa. Diante de toda inovação, parece que se repete, na escola, justamente esse comportamento dicotômico de adesão ou repulsa.

Fonte: Valeria Hartt, Revista Educação, Especial Tecnologia
Com a colaboração de: Beatriz Rey
Publicado em: Outubro-2011